A privatização da TAP deverá arrancar nos próximos meses, com a divulgação do caderno de encargos da operação, mas antes o Governo e o PS terão de chegar a um entendimento sobre a percentagem do capital que será vendida aos privados. A nota foi deixada pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, numa entrevista ao JN e à TSF. “Nesta pasta, tomamos decisões para gerações. Há divergências entre o PS e o PSD sobre qual deve ser o modelo de privatização: se são 100%, se são 49%, se é ou não a maioria do capital. Isso será resolvido a seu tempo. O Governo, quando apresentar a sua proposta de decreto-lei para a privatização, deixará claro quais são as suas regras”, disse Pinto Luz na entrevista que foi publicada este domingo.Tal como o DN já tinha noticiado, com informações obtidas junto de fontes próximas da operação, a preocupação do Governo é garantir que o Estado português consegue apresentar aos potenciais investidores um cenário de grande segurança e previsibilidade qualquer que seja o partido no Governo, até porque a tentativa anterior de privatização da companhia, feita pelo governo de Passos Coelho - com o empresário David Neeleman - acabou em reversão e, mais tarde, em renacionalização pelo executivo liderado por António Costa.“Sabemos, com humildade, que temos um governo minoritário, que temos que viver com estas circunstâncias. Mas não podemos deixar que haja incerteza, Portugal tem que ser entendido como um país de palavra. Já tivemos a experiência de uma privatização da TAP, que depois foi desfeita, e três anos depois acabou numa nacionalização. De uma vez por todas, temos que tomar decisões. É mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. E o que nos une, neste caso, é vender a TAP; nisso o PS e o PSD estão de acordo. As circunstâncias, vamos defini-las”, disse Miguel Pinto Luz.Porém, ao que o DN apurou, ainda não houve contactos formais com o PS a respeito da TAP, por parte do Executivo.O ministro adiantou, na mesma entrevista, que têm surgido muitos interessados na compra da TAP, além dos três grandes grupos europeus cujo interesse já era conhecido (Lufthansa, IAG e Air France-KLM). Mas frisou que a privatização não é um fim em si mesmo, e que só poderá avançar se os investidores derem garantias de que serão salvaguardados os interesses estratégicos do Estado português, nomeadamente a manutenção do hub da companhia aérea em Lisboa e das suas rotas para o Brasil, a África lusófona e outros destinos estratégicos.Ao que o DN apurou junto de fontes próximas da operação, para os principais interessados na TAP, a questão da percentagem a alienar será decisiva, sendo de esperar que a operação apenas se torne suficientemente atrativa se ficar aberta a possibilidade de, no futuro, os privados ficarem com a maior parte do capital. Além da definição da percentagem a alienar e de outros detalhes que irão constar do caderno de encargos da privatização, há também outros dossiers pendentes por resolver, como o diferendo com a companhia brasileira Azul, que exige o pagamento de uma emissão de dívida da TAP, que subscreveu quando David Neeleman era acionista de ambas. Ao todo, são mais de 160 milhões de euros que a Azul exige, mas que o Estado e a TAP alegam constituir um suprimento de um acionista, que é subordinado face a outros créditos..PSD e PS "unidos" pela venda da TAP, diz Miguel Pinto Luz