O Governo aprovou esta sexta-feira a criação de três novas entidades à luz da reorganização do Ministério das Finanças, no âmbito da reforma da Administração Pública.Na primeira conferência de imprensa de Conselho de Ministros após a aprovação da moção de confiança, que será discutida e votada na terça-feira, o ministro das Finanças anunciou que o Governo aprovou "uma reforma da orgânica do Ministério das Finanças do lado da despesa".Em causa está a criação da Entidade Orçamental (EO), que "junta a Direção-Geral do Orçamento com a Unidade de Implementação da Lei de Enquadramento Orçamental", a Entidade do Tesouro e Finanças, que "junta a Direção-Geral do Tesouro Finanças, a UTAM, que é a unidade que segue no setor empresarial do Estado, e a UTAP, que é a unidade que segue as PPP e as concessões" e o Centro de Pessoas e Administração Pública, "que será o centro de toda a parte de emprego, formação e administração pública" e que junta a Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) e os Serviços Sociais da Administração Pública (SSAP) e o Instituto Nacional de Administração (INA)", explicou o governante.Segundo o ministro das Finanças, esta "é uma reforma muito importante" que permitirá "no médio prazo, não só tornar a despesa bastante mais eficiente, como eliminar abundâncias e reduzir desperdícios".Joaquim Miranda Sarmento lembrou ainda que a "despesa pública, que representa hoje cerca de 120 mil milhões de euros" é gerida com "procedimentos e regras" que datam "grosso modo do final dos anos 80 e com tecnologia que data grosso modo de final dos anos 90".Apesar da crise política, o ministro da Presidência indicou ainda que "há vários processos de negociação e melhoria de carreiras" da Administração Pública, nomeadamente relativamente aos técnicos superiores, cujo processo em curso está "muitíssimo avançado" e em que haverá "uma interação final" com os sindicatos na próxima semana."Há uma expectativa da parte do Governo de que na próxima semana se possa dar forma legislativa a uma série de acordos", antecipou António Leitão Amaro, sublinhando que esta "é uma matéria que ainda não foi finalizada", mas é expectável que seja "na próxima semana"."Sim, estamos a preparar decisões para a próxima semana, não estamos a acelerar decisões", garantiu ainda o ministro da Presidência, referindo que os diplomas aprovados hoje resultam de um trabalho "de semanas e meses".Segundo a proposta entregue aos sindicatos, a criação das três novas entidades prevê a valorização das carreiras de técnico superior especialista em orçamento, estatística e Administração Pública, que será criada, e cuja posição de entrada passará de 1.495,20 euros (o nível 17 da Tabela Remuneratória Única) para 1.547,83 euros (nível 18). Ou seja, um aumento de 52,63 euros.Está ainda prevista a atribuição de um suplemento remuneratório que, segundo a proposta entregue aos sindicatos, varia entre 10% e 25% da remuneração base dos trabalhadores das novas autoridades das Finanças, mediante o cumprimento de indicadores de desempenho dos serviços.O secretário-geral do Governo, Carlos Costa Neves, assistiu à conferência de imprensa, após o Conselho de Ministros.Ministro admite que continuação da reforma da Administração Pública fica para executivo seguinteO ministro das Finanças admitiu que "os vetores seguintes" da reforma da Administração Pública em curso ficarão para o "Governo seguinte", na sequência do cenário de eleições legislativas antecipadas.Na sequência da aprovação de mais um dos "vetores" da reforma da Administração Pública, o ministro anunciou que "os vetores seguintes" no âmbito desta reforma ficarão "naturalmente" para o "Governo seguinte"."Há sempre um outro governo, felizmente vivemos em democracia", reiterou o ministro da Presidência, indicando que " há sempre um governo futuro e isso é um bom sinal".Não obstante, o ministro das Finanças sinalizou que o Governo está "a trabalhar" nesses "vetores" que dizem respeito a uma revisão da Lei de Enquadramento Orçamental, à auditoria e simplificação de procedimentos orçamentais, à revisão da despesa pública e do ciclo orçamental, e a "um forte investimento tecnológico".Esta vertente tecnológica resulta de uma decisão do Conselho de Ministros aprovada "há um mês" e visa "investir 78 milhões de euros na modernização tecnológica das entidades que controlam a despesa pública", através de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), explicou ainda Joaquim Miranda Sarmento, em conferência de imprensa, que contou com a presença, na assistência, do secretário-geral do Governo.No âmbito da reforma da Administração Pública (AP), está prevista a fusão de oito secretarias-gerais de ministérios numa única (a secretaria-geral do Governo).