Preços dos combustíveis estão acima dos mínimos do ano passado, mas abaixo dos máximos de 2022.
Preços dos combustíveis estão acima dos mínimos do ano passado, mas abaixo dos máximos de 2022.

Gasóleo está 10 cêntimos mais caro desde o Natal e a gasolina oito

O preço dos combustíveis está a subir sensivelmente há quatro semanas consecutivas. OPEP estima um aumento do consumo de petróleo este ano e em 2025.
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Atestar um depósito de 45 litros com gasóleo simples custa agora 74,11 euros, mais 4,54 euros do que nas vésperas do último Natal, de acordo com o valor médio apurado pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) para o dia 23 de dezembro, quando o litro tinha caído para 1,546 euros. Desde essa data, iniciou-se uma tendência de subida, apenas com ligeiras interrupções. Pelo menos, nas quatro semanas mais recentes, a escalada culminou nos 1,647 euros, verificados nesta segunda-feira, dia 12.

Os proprietários de veículos a gasolina simples também têm as despesas agravadas. Gastam agora mais 3,78 euros para atestar um depósito de 45 litros do que no dia 23 de dezembro, pagando desde a última segunda-feira uma fatura total de 76,77 euros, já que este combustível está oito cêntimos mais caro do que um dia antes da Consoada, tendo chegado aos 1,647 euros, por litro, em média. Tal como no gasóleo, foram, pelo menos, quatro semanas seguidas sempre a subir.

Ao longo de 2023, os preços mais baixos nem sequer foram os de dezembro, mas sim, em maio (1,394 euros por litro, o gasóleo, e 1,603 euros, a gasolina). No entanto, mesmo os valores da semana em curso ainda estão distantes dos últimos máximos, registados em junho de 2022, o ano do início da invasão da Ucrânia (2,1 euros o gasóleo e 2,188 euros a gasolina).

As subidas recentes acompanham os valores dos combustíveis nos mercados internacionais, segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), e não podem ser desenquadrados dos atuais conflitos geopolíticos, que também impactam o preço do petróleo.

De facto, o preço do barril de Brent, que serve de referência para a Europa, apesar de estar a oscilar entre os 75 e os 83 dólares desde o Natal, não tem parado de subir desde o dia 2 de fevereiro e estava ontem a negociar no mercado de futuros nos 82 dólares, em linha com a sessão anterior.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) emitiu ontem o seu relatório mensal, mas nada disse explicitamente sobre a evolução esperada dos preços. Apenas confirmou a sua previsão de que a procura mundial de petróleo aumentará a bom ritmo este ano e em 2025, com o consumo da China e o dos combustíveis para transportes a serem os principais impulsionadores desta tendência.

Com o “crescimento económico robusto esperado para este ano”, a Organização estima que a procura aumentará 2,2%, para 104,4 milhões de barris por dia (mbd), em 2024. Para 2025, a tendência deverá manter-se, com “um saudável” aumento de mais 1,7% e um volume total de consumo de 106,6 mbd.

China e Índia impulsionam

A OPEP recorda que os níveis de consumo pré-covid-19 já foram ultrapassados em 2022, o que provocou um colapso da procura, e que em 2023 houve outra forte recuperação quando abrandaram as restrições que a China tinha mantido para conter a pandemia.
Neste contexto, os especialistas da OPEP indicam que a China irá impulsionar o crescimento da procura este ano, com um consumo previsto de quase 17 mbd, mais do que todos os países industrializados da Europa juntos.

Juntamente com a Índia, o país onde a procura crescerá mais proporcionalmente, os dois gigantes asiáticos queimarão 22,4 mbd, significativamente mais do que os EUA, que continuam a ser a economia mais forte do mundo.

O cenário de crescente procura por petróleo corrobora a posição assumida ontem pelo secretário-geral da OPEP, Haitam al Ghais, quando afirmou, no Dubai, durante um painel na Cimeira Mundial de Governos, que um aumento da procura de petróleo bruto exigirá investimentos multimilionários nos próximos 20 anos.

“Na OPEP acreditamos que tudo o que está relacionado com a energia vai continuar a ser necessário. Uma fonte de energia não substituirá a outra, especialmente o petróleo, que representa atualmente mais de 30% do cabaz energético global”, afirmou.
Energias limpas imparáveis

Posição diferente manifestou também ontem o diretor da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, quando destacou o avanço “imparável” das energias limpas, embora tenha alertado que o ritmo para conter as emissões com efeito de estufa é insuficiente para a neutralidade carbónica até 2050.

Fatih Birol indicou - na sessão de abertura da reunião ministerial, em Paris, da AIE, que comemora o 50.º aniversário - que, em 2001, o peso da energia eólica e solar na produção mundial de eletricidade era de 0,25%, quando em três anos o seu peso relativo atingirá os 25%. 

“É um crescimento enorme”, assinalou, acrescentado que o impulso para a eletricidade renovável, mas também o arranque da venda de veículos elétricos, têm impacto na procura global de combustíveis fósseis, que, segundo os seus cálculos, atingirá o pico antes do final desta década.  Com Lusa

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