A Galp reviu em baixa as suas necessidades de investimento para 2025-2026, período em que investirá menos de 800 milhões de euros ao ano, bem abaixo dos mil milhões que tem vindo a aplicar. Maria João Carioca, co-CEO da empresa, justifica esta redução com o foco do grupo numa “abordagem disciplinada para executar um plano de baixa intensidade de capital”. Já João Diogo Marques, seu co-CEO, assume que o processo de recrutamento de um novo presidente executivo está em curso, mas vai levar, pelo menos, seis meses. Assegura, no entanto, que a dupla na liderança interina desde a saída de Filipe Silva conta com “um grande apoio do conselho de administração”.Maria João Carioca e João Diogo Marques respondiam a questões dos analistas, numa conference call, a propósito dos resultados de 2024, o segundo melhor ano de sempre da Galp. A petrolífera portuguesa fechou o ano com lucros de 961 milhões de euros, 4% abaixo dos 1002 milhões registados em 2023. O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 7% para 3,3 mil milhões de euros, e o cash flow operacional foi de 2,1 mil milhões. Maria João Carioca fala num ano “notável”, com um “forte crescimento em todos os segmentos de mercado”. Para 2025, admite que a conjuntura macroeconómica esperada é “mais fraca”, a que se juntam as previstas paragens para manutenção, no Brasil e em Sines, que “limitarão a performance operacional” do grupo. Já em 2026, antecipa que a operação decorra “em condições de normalidade” apontando para um crescimento de 20% do cash flow operacional face a 2024, ou seja, à volta dos 2,6 mil milhões de euros. A atenção dos analistas esteve muito focada na exploração da Galp na Namíbia, onde a empresa está já a explorar um quinto poço petrolífero. No entanto, e apesar das insistentes questões, designadamente sobre uma sexta potencial localização, Maria João Carioca insiste que o grupo está ainda a recolher informações e está muito focado em analisá-las. “Neste momento, na Namíbia, não estamos a planear mais nenhum investimento, além do que está em curso”, afirmou, sublinhando que há ainda muita informação para processar, “sem pressa e sem qualquer linha temporal”.Sobre a aposta nas renováveis, o plano de investimentos é para manter, o que significa que “é fundamental fazer com que todos os projetos em que nos envolvemos respondam aos desafios e retornos esperados”. Dos 3,3 mil milhões de euros de EBITDA, mais de dois mil milhões vieram da produção de petróleo e gás (-8%). A área industrial, que inclui a refinação, contribuiu com 876 milhões de euros (-6%), e a comercial com 306 milhões (+1%). As renováveis ficaram-se pelos 47 milhões, uma quebra de 64%.Questionada sobre os investimentos em projetos de baixo carbono, Maria João Carioca sublinhou que a Galp tem “trabalhado muito” para garantir um portefólio diversificado. “Em termos de aceleração dos projetos de baixo carbono, não se trata de projetos novos, mas do desenvolvimento de projetos que vão evoluindo”, disse, acrescentando: “Tendo em conta que temos a única refinadora em Portugal, são projetos críticos para suportar a nossa transformação industrial”. Em causa está a distribuição do investimento. Diz Maria João Carioca que 65% do investimento bruto do grupo “continuará direcionado para crescimento e transformação” e 35% para projetos de baixo carbono. Ainda em relação aos números de 2024, destaque para a redução da dívida líquida do grupo em 14% face ao ano anterior, totalizado 1,2 mil milhões. Atendendo aos resultados obtidos, o conselho de administração vai propor um aumento de 15% do dividendo anual, para 0,62 euros por ação. .Lucro da Galp caiu 4% no ano passado para 961 milhões de euros