Filipe Silva foi até ao dia 7 de janeiro presidente executivo (CEO) e vice-presidente do conselho de administração da Galp, tendo apresentado a demissão com efeitos imediatos, na terça-feira, depois de se tornar público que o gestor estava a ser investigado pela comissão de ética da petrolífera. A empresa ainda não revelou quem será o próximo CEO, sendo que o caso poderá não provocar “efeitos negativos relevantes” para a Galp, apesar das críticas dos trabalhadores e do desempenho bolsista da petrolífera ter sido negativo um dia depois da demissão do gestor.Em causa está uma denúncia anónima sobre uma “relação pessoal” do agora ex-CEO com uma diretora de topo da empresa, o que levantou suspeitas sobre um eventual conflito de interesses, segundo uma notícia do jornal Eco. Na segunda-feira, Filipe Silva terá admitido à comissão de ética uma relação com uma subordinada direta, segundo o Jornal de Negócios. Alegando “razões familiares”, o gestor cujo mandato terminava em 2026 acabou por se demitir há dois dias e, ontem, as ações da empresa desvalorizaram 0,40%, para 16,07 euros. Não obstante, o economista Filipe Garcia, que preside à IMF - Informação de Mercados Financeiros, acredita que o caso “não deverá ter efeitos negativos relevantes na cotação”.O analista considera que o episódio de Filipe Silva revelou o “bom funcionamento dos canais internos de denúncia e o tratamento célere e transparente da situação”, que “acaba por dar uma boa imagem dos sistemas de governance da empresa”. Por outro lado, uma nota de research da RBC Capital Markets aposta que a saída do gestor “alimente” expectativas sobre uma eventual aquisição da petrolífera, considerando a Chevron o comprador “mais lógico”. Segundo a nota, que cita os analistas Biraj Borkhataria e Adnan Dhanani, as perspetivas de crescimento a curto prazo, graças a um projeto no Brasil, tornam a empresa num alvo apetecível. Outra nota, desta feita da UBS, divulgada ontem, reduz o preço-alvo da Galp de 18 para 17 euros, mantendo-se “neutral” a recomendação de compra. A estimativa “aponta para a importância dos próximos desenvolvimentos na Namíbia para a Galp”, relevando a descoberta de petróleo naquele país como algo mais relevante do que a saída de um CEO.No entanto, segundo Filipe Garcia, a escolha do novo CEO será “naturalmente alvo de atenção e escrutínio” pelos mercados.Contactada, fonte oficial da Galp não quis fazer mais comentários sobre o caso, recusando adiantar qual o perfil pretendido para o próximo presidente executivo. O CEO interino deverá ser anunciado nos próximos dias e, segundo o Jornal Económico, a petrolífera abrirá um processo de seleção nacional e internacional para encontrar o próximo líder.Trabalhadores apontam dedo a Paula AmorimFilipe Silva era CEO da Galp desde 1 de janeiro de 2023. Entrou na empresa em 2012 para assumir a administração financeira da petrolífera. Saiu na qualidade de CEO, sendo o quarto presidente executivo da empresa em dez anos. Para a Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal a polémica que levou à saída do gestor foi um “golpe de teatro” montado para atingir o “efeito pretendido”.“De tempos a tempos, a presidente do conselho de administração [Paula Amorim] interrompe o seu estado de completa ausência no que à empresa diz respeito para fazer o anúncio da expiração do prazo de mais um presidente da comissão executiva e que outro lhe seguirá”, lê-se no comunicado de ontem. “Não obstante um eventual incumprimento do código de ética ser grave, surgiu na comunicação social uma precisa e pouco usual fuga de informação”, refere o CCT, considerando que “tudo podia ter sido resolvido no remanso dos gabinetes, como é normal”. A CCT avisa ainda que há “uma deriva no rumo” da petrolífera desde o encerramento da Refinaria de Matosinhos: “Mas, sobre isso, quem devia apresentar a demissão é, entre outros, a presidente do conselho de administração, Paula Amorim”.Estado tem 8% da GalpSegundo o presidente da IMF, o mercado “presta cada vez mais atenção à relação entre os stakeholders, nomeadamente entre os trabalhadores, a gestão e os acionistas”. No entanto, neste caso, a postura da CCT “não deverá ter efeito no mercado”, uma vez que não se trata de uma questão relativa a condições laborais. “Percebe-se mal-estar em torno do encerramento da Refinaria de Matosinhos e este caso parece estar a servir de arma de arremesso neste dossier em específico”.A Galp é controlada pelo acionista maioritário Amorim Energia (36,69%). O segundo maior acionista é o Estado português, através da Parpública (8,24%), estando 55,1% dispersos em bolsa.Contactados, nem a Parpública nem o Governo responderam às questões do DN sobre a atual situação que a Galp atravessa.
Filipe Silva foi até ao dia 7 de janeiro presidente executivo (CEO) e vice-presidente do conselho de administração da Galp, tendo apresentado a demissão com efeitos imediatos, na terça-feira, depois de se tornar público que o gestor estava a ser investigado pela comissão de ética da petrolífera. A empresa ainda não revelou quem será o próximo CEO, sendo que o caso poderá não provocar “efeitos negativos relevantes” para a Galp, apesar das críticas dos trabalhadores e do desempenho bolsista da petrolífera ter sido negativo um dia depois da demissão do gestor.Em causa está uma denúncia anónima sobre uma “relação pessoal” do agora ex-CEO com uma diretora de topo da empresa, o que levantou suspeitas sobre um eventual conflito de interesses, segundo uma notícia do jornal Eco. Na segunda-feira, Filipe Silva terá admitido à comissão de ética uma relação com uma subordinada direta, segundo o Jornal de Negócios. Alegando “razões familiares”, o gestor cujo mandato terminava em 2026 acabou por se demitir há dois dias e, ontem, as ações da empresa desvalorizaram 0,40%, para 16,07 euros. Não obstante, o economista Filipe Garcia, que preside à IMF - Informação de Mercados Financeiros, acredita que o caso “não deverá ter efeitos negativos relevantes na cotação”.O analista considera que o episódio de Filipe Silva revelou o “bom funcionamento dos canais internos de denúncia e o tratamento célere e transparente da situação”, que “acaba por dar uma boa imagem dos sistemas de governance da empresa”. Por outro lado, uma nota de research da RBC Capital Markets aposta que a saída do gestor “alimente” expectativas sobre uma eventual aquisição da petrolífera, considerando a Chevron o comprador “mais lógico”. Segundo a nota, que cita os analistas Biraj Borkhataria e Adnan Dhanani, as perspetivas de crescimento a curto prazo, graças a um projeto no Brasil, tornam a empresa num alvo apetecível. Outra nota, desta feita da UBS, divulgada ontem, reduz o preço-alvo da Galp de 18 para 17 euros, mantendo-se “neutral” a recomendação de compra. A estimativa “aponta para a importância dos próximos desenvolvimentos na Namíbia para a Galp”, relevando a descoberta de petróleo naquele país como algo mais relevante do que a saída de um CEO.No entanto, segundo Filipe Garcia, a escolha do novo CEO será “naturalmente alvo de atenção e escrutínio” pelos mercados.Contactada, fonte oficial da Galp não quis fazer mais comentários sobre o caso, recusando adiantar qual o perfil pretendido para o próximo presidente executivo. O CEO interino deverá ser anunciado nos próximos dias e, segundo o Jornal Económico, a petrolífera abrirá um processo de seleção nacional e internacional para encontrar o próximo líder.Trabalhadores apontam dedo a Paula AmorimFilipe Silva era CEO da Galp desde 1 de janeiro de 2023. Entrou na empresa em 2012 para assumir a administração financeira da petrolífera. Saiu na qualidade de CEO, sendo o quarto presidente executivo da empresa em dez anos. Para a Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal a polémica que levou à saída do gestor foi um “golpe de teatro” montado para atingir o “efeito pretendido”.“De tempos a tempos, a presidente do conselho de administração [Paula Amorim] interrompe o seu estado de completa ausência no que à empresa diz respeito para fazer o anúncio da expiração do prazo de mais um presidente da comissão executiva e que outro lhe seguirá”, lê-se no comunicado de ontem. “Não obstante um eventual incumprimento do código de ética ser grave, surgiu na comunicação social uma precisa e pouco usual fuga de informação”, refere o CCT, considerando que “tudo podia ter sido resolvido no remanso dos gabinetes, como é normal”. A CCT avisa ainda que há “uma deriva no rumo” da petrolífera desde o encerramento da Refinaria de Matosinhos: “Mas, sobre isso, quem devia apresentar a demissão é, entre outros, a presidente do conselho de administração, Paula Amorim”.Estado tem 8% da GalpSegundo o presidente da IMF, o mercado “presta cada vez mais atenção à relação entre os stakeholders, nomeadamente entre os trabalhadores, a gestão e os acionistas”. No entanto, neste caso, a postura da CCT “não deverá ter efeito no mercado”, uma vez que não se trata de uma questão relativa a condições laborais. “Percebe-se mal-estar em torno do encerramento da Refinaria de Matosinhos e este caso parece estar a servir de arma de arremesso neste dossier em específico”.A Galp é controlada pelo acionista maioritário Amorim Energia (36,69%). O segundo maior acionista é o Estado português, através da Parpública (8,24%), estando 55,1% dispersos em bolsa.Contactados, nem a Parpública nem o Governo responderam às questões do DN sobre a atual situação que a Galp atravessa.