As exportações de vinhos de Lisboa cresceram 5% em volume. Qual o preço médio por litro do vinho da região?Os dados das exportações de vinho português têm como fonte o INE, pecando por falta de fiabilidade quando tentamos fazer o fine-tuning por Região Demarcada, onde as diferenças chegam a ser gritantes em determinados mercados. A este nível, o trabalho efetuado pelo IVV no final de 2024 que culminou com a criação de novos códigos pautais para todas as categorias de produtos DOP e IGP poderá ajudar a ultrapassar esta lacuna de informação. Mas, nesta fase, os dados oficiais por região não têm grande adesão à realidade, servindo apenas para mostrar algumas tendências gerais e aí vemos uma valorização de 1% no preço médio dos vinhos de Lisboa .A região estará a beneficiar da atual preferência dos consumidores por vinhos menos alcoólicos, mais elegantes e mais frescos. A região manter-se-á fiel ao terroir quando a procura mudar?O sucesso da região de Lisboa sempre foi a capacidade de responder às dinâmicas do mercado e claramente as tendências de consumo estão direcionadas para vinhos com mais frescura e menos graduação alcoólica, o que vai ao encontro do ADN do terroir Atlântico de Lisboa. Um ativo extraordinário que permite alinhar a produção com o perfil que o mercado está agora a valorizar e não é por acaso que assistimos ao crescimento da categoria “Leve Lisboa” em torno dos 90%, mais 1,5 milhões de garrafas vendidas face a 2023. Mas, sobretudo, são os vinhos com forte influência Atlântica que estão a dar cartas. São bons exemplos disso os brancos feitos de Arinto, casta rainha de Lisboa mostrando todo o seu potencial em Bucelas, mas também o Fernão Pires e o Vital que estão a ganhar novos adeptos, e os novos vinhos Castelão de Lisboa, recuperando o perfil tradicional da região com menos concentração e graduação alcoólica, boa fruta vermelha e cor um pouco mais aberta, muito ao gosto dos consumidores mais jovens.Em todo o mundo regista-se um descréscimo do consumo de vinho e de bebidas alcocólicas no geral. Como se pode contrariar?Um consumidor mais informado é em regra mais exigente e está mais predisposto para provar novas referências e a comprar mais caro, e esse é o caminho. Por isso, temos de continuar a investir na literacia dos consumidores e posicionar o vinho como um alimento que deve ser consumido de forma responsável e com moderação. Este fenómeno também nos deve despertar para a categoria de vinhos parcialmente desalcoolizados e estamos já a refletir sobre esta abertura, a pensar em especial nos mercados nórdicos onde a categoria começa a ganhar tração.Qual a importância do mercado nacional, que representa 20% apenas, para a região de Lisboa?Os produtores da região cedo perceberam que o mercado nacional era demasiado pequeno e que as melhores oportunidades estavam lá fora. Foi esta a visão estratégica que preparou a região para liderar as exportações nacionais nos últimos anos. Mas, individualmente, o mercado nacional sempre foi principal mercado de consumo dos Vinhos de Lisboa e por isso mesmo temos procurado despertar os nossos produtores para essa realidade e agora já vemos uma nova atitude e ambição para o potencial que temos internamente. O investimento promocional no mercado interno, vinho e enoturismo, mais do que triplicou nos últimos 3 anos e o nome Lisboa começa finalmente a ser vista também como Região de Vinhos e como destino enoturistico. Mas há um caminho a percorrer, muitos consumidores pouco informados ainda perguntam se existem vinhas na capital e mesmo nos profissionais do Horeca, incluindo escanções, ainda vemos que existe um grande desconhecimento sobre a realidade da Região.Qual o orçamento para promoção em 2025, tendo em conta estes resultados?O orçamento promocional em 2025 será ligeiramente superior a um milhão de euros. Vamos continuar a reforçar as ações no Reino Unido e Brasil, dois dos principais destinos das nossas exportações e onde encontramos boa aceitação e potencial para crescer em todos os segmentos de preço, dos vinhos do dia a dia até aos vinhos mais premium. A tipologia de ações é muito semelhante nos dois mercados, com a presença nas principais feiras B2B, parcerias com influencers e chefs, na área da gastronomia e “lifestyle”, masterclasses e provas harmonizadas para imprensa, trade e consumidor final e visitas inversas de importadores e imprensa especializada mostrando o que de melhor a Região tem para oferecer em matéria de vinhos, gastronomia, surf e natureza e património..Tejo a Copo mostra vinhos da região em Santarém.Vinho: Douro recebe Concurso Mundial de Bruxelas 2027