As vendas dos hiper e supermercados cresceram 12,1%, em janeiro, para um total de 863 milhões de euros, mais 94 milhões do que em período homólogo. Os dados são dos Scantrends da Nielsen Iq, e denotam ainda a influência da Passagem de Ano, que, em 2024, aconteceu à segunda-feira, ficando os dias 30 e 31 de dezembro automaticamente englobados na semana 1 de 2025, o que não aconteceu em 2024. Outra das alterações deste relatório é que deixou de contar com os dados da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce e uma das principais retalhistas nacionais. Serve assim de referência às grandes tendências do mercado de bens de grande consumo, mas sem o contributo do segundo maior operador do setor.Na verdade, o ano de 2024 marca várias alterações em termos metodológicos. A decisão da Jerónimo Martins em não fornecer dados, começou por ser ‘substituída’ por estimativas, mas agora foi simplesmente retirada da equação. E assim se explica que, em vez dos 14.066 milhões de euros comunicados em dezembro no balanço do ano de 2024, atualmente os dados apontam para vendas totais do setor, no ano passado, de apenas 11.514 milhões de euros. Por outro lado, o estudo passou a contar com dados reais das redes Lidl e Aldi. Uma alteração que acaba por ter efeito na análise sobretudo do peso das marcas próprias no mercado global, já que é sabido que em insígnias como o Lidl e o Aldi o peso destas é muito maior do que nas restantes cadeias. Assim se explica o facto de a quota de marcas da distribuição ser de 45,5% nas vendas totais nos dados finais do ano, e atualmente registe um valor de 48,1%.A Centromarca, a Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, alerta precisamente para essa alteração de metodologia, assegurando que não corresponde a uma perda efetiva das marcas de fabricantes, mas apenas à contabilização de um universo diferente. Já a APED - Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição considera que os dados apresentam um “comportamento tão atípico e tão diferente” que não permitem tirar conclusões sobre como é que o mercado está a evoluir. De volta aos dados do estudo, a Nielsen aponta para um crescimento de 12,1% no mercado total, para os já referidos 863 milhões de euros, com o segmento de bebidas a disparar na comparação homóloga: 27% mais no que às bebidas alcoólicas diz respeito; 16% nas não alcoólicas. Os congelados crescem 20%, os laticínios 12% e a mercearia 10%.Significa isto que, dos 863 milhões deixados nos supermercados, quase 71 milhões foram gastos em bebidas alcoólicas e 55,2 milhões em bebidas não alcoólicas, que comparam com os 56,1 milhões e 47,7 milhões de euros, respetivamente, das primeiras quatro semanas de 2024, que não incluíram os dias 30 e 31 de dezembro. Em mercearia foram gastos quase 362 milhões de euros, contra os 328 milhões de há um ano, e em laticínios foram 155 milhões de euros (139 milhões em 2024).Para Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca, assistir-se-á a uma correção em baixa destes dados nos próximos meses, em especial no que ao segmento das bebidas diz respeito. Quanto ao comportamento das famílias em 2025, este responsável assume que a “o grande ponto de interrogação é se vão continuar a verter maioritariamente os seus ganhos de rendimento em poupanças, reduzindo o endividamento, ou se vão começar a consumir um pouco mais”. Tudo depende, admite da situação macroeconómica. “Acho que as pessoas, neste momento, não ocorrendo nenhum cataclismo, têm um comportamento relativamente equilibrado em termos de compra, por isso estamos a contar com algum crescimento do mercado. Não demasiado elevado, mas algum crescimento”, diz. Isto pressupondo que a taxa de inflação se mantém estável e não dispara por efeitos externos, designadamente com a incerteza que Donald Trump tem aportado aos mercados.