O Setor Empresarial do Estado (SEE) empregava mais 3080 trabalhadores no final de 2022, totalizando 159 373, segundo o relatório do Conselho das Finanças Públicas (CFP), divulgado ontem. A análise a 87 empresas não financeiras e sete financeiras do SEE, explica que este número representa 3,3% do emprego nacional e 20,1% do emprego público..O aumento líquido do número de trabalhadores no universo das entidades nas quais a função de acionista é exercida pelo Estado direta ou indiretamente através de empresas por si participadas, subiu, sobretudo, devido às contratações na TAP e na Saúde. “O número de trabalhadores nas empresas não financeiras do SEE em análise apresentou um ligeiro aumento de 0,3% (+501 do que 2021). Este acréscimo é justificado pelo reforço da contratação na TAP, SA para fazer face à maior procura no setor, assim como pelas contratações no setor da saúde (+339), embora estas tenham registado um abrandamento significativo em 2022. Relativamente a 2021, denotou-se um acréscimo de 111 trabalhadores no SEE (+0,1%), tendo-se, no entanto, constatado a manutenção do peso do SEE no emprego nacional e uma ligeira diminuição do seu peso no emprego público (0,2 pontos percentuais). Salienta-se o acréscimo registado na TAP, SA (+362) e na Águas de Portugal (+71)”, refere o documento..No final de 2022, a transportadora aérea de bandeira empregava 6988 trabalhadores, mais 362 face a 2021. Recorde-se que, em 2021, a TAP enfrentou uma redução líquida de 1480 trabalhadores no âmbito do plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia. Um ano depois, a retoma do turismo no pós-covid deu fôlego à operação da companhia que atingiu, pela primeira vez em cinco anos, resultados positivos com lucros de 65,6 milhões de euros..A performance da companhia em 2022 impulsionou também a recuperação “significativa” do setor dos transportes, cujo volume de negócios das empresas aumentou 77,3%. “A recuperação das vendas da TAP contribuiu para mais de 86% deste aumento. Apesar do aumento dos gastos operacionais relevantes em 56,6%, o crescimento significativo do volume de negócios mais que compensou e o resultado líquido do exercício agregado atingiu um montante positivo de 123 milhões de euros, uma recuperação de 1,7 mil milhões de euros face a 2021”, lê-se na análise do CFP..Já as entidades públicas empresariais (EPE) integradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) empregavam, no final de 2022, 116 145 trabalhadores, um aumento de 339 (+0,3%) face ao final do ano anterior. “Importa recordar que os artigos 295.º, 296.º, 297.º, 298.º, 299.º e 300.º da Lei do OE/2021 determinaram um reforço de profissionais nos cuidados de saúde primários, nos cuidados intensivos e nas unidades de saúde pública, o que originou um aumento significativo do número de trabalhadores em quase todas as EPE do SNS em 2021..No entanto, com o abrandamento da pandemia de covid-19, houve uma redução na contratação em 2022, com várias EPE integradas no SNS a registarem, inclusive, uma variação negativa face a 2021”, destaca a entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral..Número de empresas públicas em falência técnica aumenta.O relatório “Setor Empresarial do Estado 2021-2022” revela ainda que o número de empresas públicas em falência técnica voltou a subir para 33, em 2022, depois de no ano anterior ter recuado para 32. O CFP destaca “uma forte recuperação na maioria dos indicadores económicos e financeiros”, contudo, apesar da evolução positiva dos indicadores de “autonomia financeira” e de “solvabilidade”, um terço destas empresas ainda apresentava capitais próprios negativos em 2022, indicando uma situação de falência técnica. Os prejuízos tombaram mais de metade face a 2021, representando um recuo de 61%, para 1,2 mil milhões de euros . Mas, embora “este desempenho reflita uma melhoria significativa daqueles indicadores”, o CFP alerta que “continua insuficiente para corrigir o desequilíbrio económico do setor”. .A entidade sublinha que 30 empresas não financeiras do SEE apresentaram capitais próprios negativos no final de 2022. Cinco destas empresas concentraram “mais de 92% do valor negativo global do setor”. A liderar a lista de empresas com mais capital negativo surge a Parvalorem, com um capital negativo de 4823,1 milhões de euros, o Metro Porto, com 3559,4 milhões de euros, a CP com 1876,4 milhões de euros, a TAP com 1286,1 milhões de euros e a CHU Lisboa Central com 275,5 milhões de euros..No verde, ficaram as restantes 57 empresas não financeiras que apresentavam capitais próprios positivos, com cinco delas a concentrarem mais de 81% do valor total positivo do setor, com destaque para a Infraestruturas de Portugal (IP) que totalizou 11 487,2 milhões de euros..Já os resultados económicos das EPE integradas no SNS agravaram-se, registando um resultado líquido negativo de 1,3 mil milhões de euros, o que representa um agravamento de 169 milhões de euros face a 2021. A retoma da atividade assistencial após a pandemia, a subida acentuada da inflação e a redução da receita, por via das taxas moderadoras foram os fatores que justificaram as contas negativas..rute.simao@dinheirovivo.pt