Economia reforça excedente externo em 2024 para 9,3 mil milhões
A economia portuguesa registou um excedente externo de 9,3 mil milhões de euros no ano passado, com o saldo das balanças corrente e de capital a atingir 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB), "superando o excedente de 5,3 mil milhões de euros alcançado em 2023 (2% do PIB)", de acordo com dados do Banco de Portugal (BdP) divulgados hoje. A instituição liderada por Mário Centeno sublinha que o "rácio de 2024 é o mais elevado da série, com início em 1953".
Desagregando e olhando apenas para a balança de bens e serviços, esta apresentou um saldo positivo de 6,7 mil milhões de euros, correspondente a 2,3% do PIB, uma melhoria face aos quatro mil milhões de euros de 2023 (1,5% do PIB). O excedente da balança de serviços permitiu compensar o défice registado na balança de bens, explica o banco central.
A balança de bens registou um défice de 25,6 mil milhões de euros, ou seja, -8,9% do PIB, uma ligeira melhoria face ao rácio de -9,5% de 2023. As exportações no ano passado cresceram 1,9% para 75,7 mil milhões de euros, e as importações aumentaram 1,4% para 100,9 mil milhões de euros.
Já a balança de serviços reforçou o excedente em 2,7 mil milhões de euros, para 31,9 mil milhões, impulsionada pelo turismo, atingindo um saldo em percentegm do PIB de 11,2%, "o valor mais elevado da série", frisa o BdP.
As exportações de serviços cresceram mais do que as importações, 8,1% e 6,8%, respetivamente, destacando-se "a componente das viagens e turismo, que cresceu 8,8% em relação a 2023 (+2,2 mil milhões de euros)", lê-se no comunicado do banco central. Nas importações, acrescenta a instituição, "é de assinalar o aumento da rubrica dos outros serviços fornecidos por empresas, de 10,7% (+0,7 mil milhões de euros)".
Turismo impulsiona exportação de serviços
Nas viagens e turismo, o saldo aumentou em 1,8 mil milhões de euros face a 2023, "o valor mais elevado da série (20,9 mil milhões de euros) ou 7,4% do PIB". As exportações cresceram 8,8% para 27,7 mil milhões de euros, com as maiores receitas turisticas a virem do Reino Unido (4,1 mil milhões de euros), França (3,2 mil milhões de euros) e Alemanha (3,1 mil milhões de euros).
As importações de viagens e turismo, ou seja, gastos feitos por residentes em Portugal neste setor no exterior, ascenderam a 6,7 mil milhões de euros (contra os 6,3 mil milhões de 2023).
Portugal conseguiu também reduzir a sua dívida externa líquida (passivos líquidos perante o exterior excluindo instrumentos de capital, ouro em barra e derivados financeiros), de 52,6% do PIB no final de 2023 (140,6 mil milhões de euros) para 44,5% em 2024 (126,5 mil milhões de euros). "Trata-se do rácio mais baixo desde março de 2005", sublinha o banco central.