Apenas 29,1% dos jovens em idade ativa têm trabalho no país.
Apenas 29,1% dos jovens em idade ativa têm trabalho no país.Orlando Almeida/Global imagens

Destruição de emprego jovem está no pior momento desde meados de 2020 

Criação de postos de trabalho evolui de forma cada vez mais fraca, mas ainda acumula 40 meses de subidas. Entre os mais novos está a cair há nove meses.
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A destruição de emprego de jovens (com menos de 24 anos) está no pior nível desde meados de 2020, tinha acabado de começar a pandemia covid-19 e estavam a maioria das economias, Portugal incluído, sujeitas a fortes medidas de confinamento que arrasaram com a atividade económica. 

De acordo com as estatísticas mensais do mercado de emprego, ontem divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o emprego jovem registou uma forte quebra homóloga em julho, superior a 8%, isto depois de já ter cedido 10% em junho, mais de 11% em maio e de 8% em abril.

Atualmente existem 285,1 mil jovens a trabalhar na economia portuguesa, um grupo que está perder pessoas há nove meses consecutivos. Neste período (desde outubro), o mercado de trabalho português perdeu mais de 13 mil empregados jovens, segundo contas do DN/Dinheiro Vivo com base nos dados do INE.

O emprego nacional total ainda não está a cair, mas quase estagnou em julho deste ano (comparando com igual mês de 2023). De acordo com os dados provisórios do INE, aumentou 0,5%. Isto significa duas coisas.

Primeiro, trata-se do 40.º mês consecutivo de aumento no emprego, o que ainda configura e ajuda a uma tendência historicamente positiva. No entanto, trata-se do registo homólogo mais fraco desde março de 2021, desde o início do segundo ano completo de pandemia, período marcado pela mortalidade muito elevada devido à covid.

O enfraquecimento da economia (menos procura e preços mais altos, menos competitivos) e outros problemas que afetam já muitos setores fundamentais da economia (veja-se o caso da restauração, um dos pilares do turismo) traduzem-se também no andamento negativo da taxa de emprego (peso da população empregada na população em idade ativa).

A nível nacional, a referida taxa de emprego cedeu duas décimas em julho, depois de ter estagnado em junho. Foi a primeira vez que caiu desde março de 2021. Atualmente, segundo o instituto, o emprego ocupa 63,6% da população em idade para trabalhar.

Entre os jovens, a taxa de emprego também está a cair e de forma persistente desde novembro do ano passado. Atualmente, apenas 29,1% dos jovens em idade ativa têm trabalho.

“A população empregada caminha para uma desaceleração já esperada”, comenta Vânia Duarte, economista do gabinete de estudos BPI Research. Seja como for, “apesar de representar uma desaceleração face ao observado no início do ano (em torno dos 2%), não deixa de ser um comportamento bastante positivo” pois “é o 40.º mês consecutivo em que se verifica uma variação homóloga positiva”, diz a analista daquele departamento do Banco BPI.

Já face ao mês anterior, “a população empregada diminuiu ligeiramente”, com o valor registado em julho “ainda perto do máximo da série mensal publicada pelo INE”, de quase 5,1 milhões de pessoas com trabalho.
“O emprego deverá continuar a evoluir de forma positiva este ano, mas a um ritmo mais lento do que os 2,6% registados, em média, nos últimos três anos, uma dinâmica explicada pela desaceleração da economia em 2024, a incerteza (em termos económicos, financeiros e geopolíticos) e os custos ainda elevados”, explica a mesma economista.

A taxa de desemprego continua ancorada perto dos 6% da população ativa, o que é considerado um bom sinal pelos economias, mas o INE indica que o peso do contingente de desempregados parou de descer em termos homólogos (o que sucedeu de novembro de 2023 a abril deste ano).

Ademais, o INE dá conta de um agravamento persistente (sempre em evolução homóloga) na taxa de desemprego entre os mais jovens, uma tendência que dura há mais de um ano. Atualmente (julho), cerca de 21% dos jovens ativos (com menos de 25 anos) estão sem trabalho, apesar de terem procurado ativamente um emprego e de estarem disponíveis.

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