A 99ª edição da Micam decorre de 23 a 25 de fevereiro em Milão
Gerardo Santos / Global Imagens

Calçado ainda aguarda pagamentos de 2023 mas já tem plano de promoção de 2025 aprovado

São 43 as empresas portuguesas na Micam, a feira de calçado que decorre entre domingo e terça-feira, em Milão. Plano de promoção para 2025 é de 9 milhões. Setor procura novos clientes e mercados.
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Arranca domingo, em Milão, mais uma edição da Micam, a maior feira de calçado do mundo, com 43 expositores nacionais. Longe vão os tempos em que Portugal assegurava a segunda maior delegação estrangeira no certame mas, ainda assim, são mais 10 empresas do que no ano passado. Os dois anos de atraso no pagamento dos apoios à internacionalização ajudam a explicar alguma retração na promoção internacional. No caso da Micam, é o 5.ººcertame consecutivo de investimento, sem qualquer reembolso.

Um atraso reconhecido pelo gabinete do Compete 2030, liderado por Alexandra Vilela que, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo, assumiu estarem 10 milhões de euros de incentivos por devolver, de variadíssimos setores. E prometeu pagamentos até ao início de março. “O encerramento do Portugal 2020 e o simultâneo arranque do Portugal 2030, com a inerente transição e ajustamentos operacionais que envolveram os recursos técnicos e humanos, motivaram constrangimentos quanto aos prazos de pagamento dos reembolsos de despesas realizadas pelas empresas”, explicou, em resposta às questões colocadas pelo DN/Dinheiro Vivo, acrescentando que, “para mitigar estas situações, o Compete está a preparar a realização de adiantamentos no valor de 80% do incentivo associado à despesa apresentada”. Ainda segundo a mesma fonte, está previsto que este pagamento “ocorra no início de março”.

Uma boa notícia para empresas e associações empresariais. A APICCAPS, a associação do calçado, que lidera e submete os projetos conjuntos de internacionalização neste setor, assume que a transição entre quadros comunitários - associada à mudança do Governo e à alteração da plataforma digital de submissão de despesas - “está a demorar mais tempo do que todos gostaríamos”. No entanto, mostra-se confortável com a existência, pelo menos, de uma perspetiva de prazo. “Agora já conseguimos apresentar despesas e já temos uma previsibilidade, que é receber em março. As coisas caminham para a normalidade”, refere o porta-voz da associação.

Paulo Gonçalves reconhece que a presença na Micam, tal como noutros certames pelo mundo, representa um desafio acrescido, em face dos atrasos nos reembolsos, dado que o negócio está “particularmente difícil”, não só do ponto de vista das encomendas, mas também dos pagamentos. “Com o retalho em dificuldades, os pagamentos também tardam, o que gera dificuldades de tesouraria”, sustenta.

Para este responsável, o início dos pagamentos, mesmo que em regime de adiantamento, significa que “começa a haver fluxo financeiro”, o que permitirá que as empresas “se sintam mais estimuladas” a participar em ações no exterior, levando a um aumento das exportações, “o que será bom para as empresas, mas também para a região norte e para a economia nacional”.

Aprovado, nas últimas semanas, foi o plano de promoção da indústria para 2025, com investimentos previstos de nove milhões de euros e envolvendo cerca de uma centena de empresas. Uma ferramenta vital num ano em que se perspetiva que o consumo mundial de calçado possa crescer 8,4%.

Exportações a recuperar

A indústria terminou o ano em terreno negativo, apesar de ter recuperado significativamente ao longo de ano. Portugal exportou, no ano passado, 67,7 milhões de pares de sapatos por 1.724 milhões de euros. Cresceu 3,9% em volume,mas cai 5,4% em valor. O que significa que o preço médio, que em 2023 estava nos 27,8 euros por par, caiu para 25,5 euros.

A verdade é que o setor arrancou o ano com perdas significativas, na ordem dos 18% no primeiro trimestre, mas inverteu a tendência e, no último trimestre, já cresceu 14,3%. E na comparação com os seus principais concorrentes, não se sai mal, já que Itália viu as suas exportações caírem 8,2%. Até a China, o principal produtor mundial de calçado, terminou o ano com uma quebra de 7%. “Não nos anima dizer que ficamos melhor na fotografia do que os nossos concorrentes, mas são números que nos permitem concluir que o setor continua a ser particularmente afetado é pela conjuntura internacional”, sustenta Paulo Gonçalves.

Por outro lado, há que ter em conta que a aposta da indústria na diversificação da sua oferta ajuda a explicar porque estão as vendas em quantidade a crescer e a cair em volume. Portugal é, tradicionalmente, um grande produtor de calçado de couro, e é este segmento que produto que perde: cai 6% para 40 milhões de pares. Os restantes materiais (impermeável, plástico e têxtil) cresceram 22,6% para 28 milhões de pares.

Destaque, ainda, para o “resultado histórico” dos artigos de pele, cujas exportações cresceram 9,1% para 353 milhões de euros.

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