BEI empresta 2 mil milhões de euros e recorda duas "prioridades": grande hospital de Lisboa e TGV
Portugal recebeu do Banco Europeu de Investimento (BEI), em 2024, "um novo financiamento de 2,1 mil milhões de euros para impulsionar o desenvolvimento" do país, revelou o credor, esta quinta-feira.
O financiamento "permitiu mobilizar um total de cerca de 4,9 mil milhões de euros em investimentos, o equivalente a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional", diz a instituição financeira sediada no Luxemburgo.
Neste pacote, o BEI insiste na "prioridade" para dois grandes projetos: o grande hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa, que aglutinará os serviços de vários grandes hospitais ainda ativos da capital, uma construção já em andamento, mais a rede de comboio de alta velocidade (vulgo, TGV), que já mexe no papel, mas continua com muitos atrasos e impasses.
"A cooperação com as autoridades portuguesas é excelente. Investimos mais de 2 mil milhões de euros em Portugal, em 2024, e lançámos projetos emblemáticos, como o Hospital de Lisboa Oriental e o comboio de alta velocidade entre Lisboa e Porto", recordou a presidente do grupo BEI, Nadia Calviño.
Esta comunicação da ex-ministra da Economia de Espanha surge na sequência do fórum anual do grupo BEI (teve lugar esta quarta-feira), no qual a instituição europeia apresentou o relatório de investimentos para o biénio 2024/2025.
No caso de Portugal, "as principais prioridades para 2025 incluem o financiamento da linha ferroviária de alta velocidade Porto-Lisboa e o reforço do financiamento para infraestruturas sociais no país", insiste o BEI, numa nota enviada aos jornais.
Luís Montenegro, o primeiro-ministro, lançou a primeira pedra do grande hospital, na zona Olaias/Marvila, em outubro do ano passado; já o projeto TGV parece estar mais atrasado na sequência de vários impedimentos formais e jurídicos que têm emergido.
Em ambos os projetos, o BEI indica que está preparado para avançar com empréstimos de centenas de milhões de euros, a taxas de juro muito reduzidas e atrativas, como é política da instituição.
"Uma parte significativa" do "apoio" (empréstimo) de 2,1 mil milhões foi para "projetos portugueses que promovem a ação climática e a proteção ambiental, bem como investimentos em infraestruturas de saúde e transportes".
"Um montante recorde de mais de 1,1 mil milhões de euros foi canalizado para energia limpa, representando um impulso sem precedentes para a transição verde", contabiliza o BEI. Este valor é o dobro face ao de 2023.
"Foi assinado um contrato de empréstimo de 107 milhões de euros para financiar a construção do Hospital de Lisboa Oriental". "As novas instalações substituirão seis hospitais antigos, espalhados por mais de 100 edifícios no centro de Lisboa", diz o Banco.
"Este projeto garantirá o acesso a serviços de saúde modernos e melhorará a distribuição de camas hospitalares na cidade", espera a entidade liderada por Nadia Calviño.
Além disso, o BEI refere que "a mobilização de investimentos para infraestruturas sociais que respondam às necessidades mais prementes dos cidadãos europeus continuará a ser uma prioridade" em 2025, "juntamente com o financiamento da primeira fase da linha ferroviária de alta velocidade entre Porto e Lisboa", mas aqui não apresenta valores.
"O apoio à inovação foi outra prioridade do Grupo BEI em Portugal no último ano. Destaque para os 90 milhões de euros investidos" pelo Fundo Europeu de Investimento (uma subsidiária do grupo BEI) "em três fundos de capital de risco para acelerar o crescimento de startups nos setores da deep-tech e cibersegurança", refere a mesma nota sobre o país.
"O financiamento para energia sustentável e recursos naturais ultrapassou os 1,1 mil milhões de euros, um recorde para o país, quase duplicando o investimento do ano anterior."
"Entre as principais operações destacam-se dois empréstimos à fornecedora de eletricidade portuguesa EDP para expandir a geração de energia renovável, nomeadamente eólica e solar, e para modernizar as redes de distribuição elétrica" e mais "dois empréstimos para financiar a Galp Energia na construção de uma unidade de biocombustíveis avançados e uma unidade de hidrogénio renovável na zona costeira de Sines".
Outros projetos relevantes são: "um empréstimo assinado com a ANA (aeroportos) para apoiar iniciativas de baixo carbono em nove aeroportos portugueses"; mais "um empréstimo assinado com o BPI para financiar pequenas e médias empresas, empresas de média capitalização e entidades do setor público que investem em projetos de ação climática", elenca o Banco Europeu de Investimento.