Bancos antecipam maiores quebras no crédito às famílias até março
Reprimidas pelas altas taxas de juro, as famílias e as empresas portuguesas procuraram financiar-se menos junto das instituições bancárias durante o quarto trimestre de 2023, prosseguindo a trajetória observada desde o início do ano, segundo o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, divulgado ontem pelo Banco de Portugal (BdP). Embora não se esperem oscilações da procura empresarial, a tendência decrescente do lado dos particulares deverá manter-se nos próximos três meses.
O estudo, que se dedica a avaliar trimestralmente a oferta e a procura no setor, com base no reporte das instituições financeiras, concluiu que, entre outubro e dezembro, a procura por empréstimos por parte das famílias registou uma “ligeira diminuição” tanto para compra de habitação, como no segmento ao consumo. Simultaneamente, verificou-se um decréscimo do lado das Pequenas e Médias Empresas (PME) e das grandes empresas, nomeadamente nos empréstimos de longo prazo.
As altas taxas de juro, a confiança dos consumidores, assim como as perspetivas para o mercado de habitação terão sido, segundo o supervisor bancário, as principais motivações para uma menor busca de crédito hipotecário. De salientar, contudo, que o aumento das necessidades de refinanciamento e a renegociação dos contratos terão atenuado este efeito. Já nos empréstimos ao consumo, a juntar-se aos dois primeiros fundamentos, esteve também o recurso às poupanças familiares.
Nas empresas, aponta o Banco de Portugal, além de se colocar a questão dos juros elevados, acresceu a menor necessidade de financiamento do investimento.
Em contrapartida, e aplicável apenas às PME, em específico, “o recurso à geração interna de fundos como fonte de financiamento alternativa contribuiu ligeiramente para essa evolução, que foi compensada pelo aumento das necessidades de refinanciamento e renegociação da dívida”, é detalhado.
Para este trimestre, isto é, de janeiro a março, os bancos antecipam uma quebra contínua na procura de empréstimos por parte dos particulares, quer para fins de habitação, como para consumo, e uma manutenção do interesse por parte das empresas.
No quarto trimestre de 2023, “a situação e perspetivas económicas gerais”, assim como a “qualidade creditícia dos consumidos e a tolerância a riscos” fizeram com que os critérios de concessão de crédito ao consumo e outros fins se tornassem mais restritivos. Em contrapartida, os critérios de acesso ao crédito à habitação e aos empréstimos para empresas mantiveram-se inalterados.
Spreads caíram no crédito à habitação
Relativamente à proporção de pedidos de empréstimos rejeitados pelos bancos, o BdP faz saber que se verificou um ligeiro aumento no crédito a PME e nos empréstimos a particulares para consumo. Quanto aos termos e condições dos contratos, é indicado que houve uma diminuição do spread nos empréstimos de risco médio concedidos a PME e no crédito à habitação, na sequência da concorrência observada entre as instituições bancárias.
A expectativa avançada pela instituição governada por Mário Centeno é de que, neste trimestre, os critérios de concessão se mantenham praticamente inalterados no crédito a empresas e à habitação, e ligeiramente mais restritivos no segmento ao consumo e outros fins.
Preço por m2 para IMI fica em 665 euros
O preço por metro quadrado para efeitos de cálculo do IMI e da avaliação fiscal dos imóveis vai manter-se em 665 euros este ano, segundo a portaria assinada pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais publicada ontem em Diário da República. Mantém-se assim em vigor em 2024 o valor médio de construção por metro quadrado fixado no início de 2023, ou seja, 532 euros, adicionado de 25%, tal como define o Código do Imposto Municipal sobre os Imóveis (CIMI). Trata-se do valor mais elevado desde 2003, ano em que o IMI substituiu a Contribuição Autárquica. O preço por metro quadrado de construção é um dos elementos da fórmula de cálculo do sistema de avaliação dos prédios urbanos e, consequentemente, da determinação do valor patrimonial tributário (VTP), sobre o qual incide a taxa do IMI.
mariana.dias@dinheirovivo.pt