João Bento é o presidente executivo dos CTT.
João Bento é o presidente executivo dos CTT.Annette Monheim / Global Imagens

Área financeira penaliza lucro dos CTT, mas serviço expresso equilibra

Apesar de uma quebra de 24% no resultado líquido, motivada pelo abrandamento na procura por Certificados de Aforro, segmento das encomendas ajudou a compensar perdas.
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Nos primeiros seis meses do ano, os lucros dos CTT caíram quase 24% para 19,8 milhões de euros, apesar de os resultados operacionais terem somado 524,3 milhões de euros, o que representa um crescimento global de 9,1% nas receitas.

Foi o aumento de 77,3% do negócio da Logística, com destaque para o segmento Expresso e Encomendas, que garantiu um volume de negócios superior ao do período homólogo do ano anterior. O bom desempenho desta área que, como refere a empresa em comunicado, “tem sido o grande motor de crescimento do grupo”, acabou por compensar a quebra de 34,9% nos Serviços Financeiros.

Recorde-se que a procura recorde por Certificados de Aforro no último trimestre de 2023 impulsionou o crescimento da área financeira do Grupo CTT, uma tendência que não se repetiu este ano devido à queda na taxa de juro associada a este produto de poupança, e ao limite imposto de 50 mil euros por subscrição.

No total, a área de negócio da Logística representa 86% dos rendimentos totais dos CTT, tendo atingido uma faturação global de 451 milhões de euros no 1.º semestre de 2024 e um crescimento de 20,7% face ao período homólogo de 2023. Deste valor, o segmento de Expresso e Encomendas contribuiu com receitas na ordem dos 210,4 milhões de euros, o que representa um crescimento de 48,9% quando comparado com os primeiros seis meses do ano anterior.

Quanto ao comércio eletrónico, “manteve-se a tendência de aumento de adoção de e-commerce, tendo sido registado um forte crescimento do tráfego na Península Ibérica (+53,5%)”, refere a empresa.

Só durante o 2.º trimestre do ano foram movimentados 368 mil objetos por dia em Espanha - “um mercado maior e com mais oportunidades de crescimento”, diz fonte dos CTT -, um valor equivalente ao registado no último trimestre de 2023, período que incluiu o Natal, uma época habitualmente com mais movimento de encomendas. Em Portugal, o tráfego diário (157 objetos) mantém-se estável.

Segundo a empresa, na Península Ibérica existem quatro plataformas principais de e-commerce, cujos fluxos B2C (Business-to-Consumer) continuam a au- mentar de forma exponencial.

Já sobre o impacto do aumento das tarifas para encomendas que venham de fora da Europa, com valor inferior a 150 euros, anunciado por Bruxelas, “os CTT veem com tranquilidade a sua implementação, mas não conseguem estimar o seu impacto no tráfego”.

Menos receitas

Na área Banco e Serviços Financeiros, as receitas geradas somaram 73,3 milhões de euros, no 1.º semestre, menos 31,3% do que em 2023, “principalmente devido à expectável queda dos volumes de colocação de dívida pública”, pode ler-se no comunicado dos Correios.

Ainda assim, o lançamento recente da subscrição online de dívida pública, através da App CTT, está a ter uma elevada adesão, o que leva a empresa a acreditar que será uma ferramenta “interessante” para o crescimento desta área de negócio. Desde o lançamento desta plataforma, a 18 de julho, já foram registadas 5000 contas.

“Bem-sucedido, rentável e com um caminho de crescimento pela frente” é a forma como o Grupo encara a sua área financeira. No entanto, a empresa admite abdicar do controlo do banco “que está a crescer e necessitará de mais capital”, mas não perspetiva, para já, qualquer venda, aguardando ainda a autorização do Banco de Portugal para a entrada da Generali no seu capital com uma posição de 8,7%.

Em termos globais, os rendimentos operacionais do Banco CTT cresceram 2,6%, para os 62,1 milhões de euros durante os primeiros seis meses do ano - uma percentagem que seria de 16% se excluísse o impacto do fim da parceria com o cartão Universo. Já a margem financeira aumentou 4,1%, atingindo os 47,9 milhões de euros.

No caso da dívida líquida da empresa, esta baixou para os 25,3 milhões de euros no final de junho, o que compara com os 39 milhões registados no final de dezembro do ano passado.

No final do semestre, os CTT contavam com 13 813 trabalhadores, entre pessoas com contratos sem e com termo. O número traduz um aumento de 428 face a igual período de 2023.

Até ao final do ano, a empresa expressa a vontade de continuar a ver crescer as suas receitas consolidadas, na ordem de “um dígito médio”.

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