TAP vai pagar num ano 32,4 mil euros em ubers a 6 diretores sem carro
Cheque de 450 euros mensais para cobrir despesas de deslocação destina-se apenas aos gestores sem automóvel. Companhia pode desistir de alugar e alargar solução a todas chefias.
A TAP voltou a estar debaixo de fogo nesta semana, depois de o Correio da Manhã ter noticiado que a companhia aérea está a pagar uma ajuda mensal de 450 euros aos diretores para utilizarem em ubers. Ao que o DN/Dinheiro Vivo apurou, são seis as chefias da empresa abrangidas por este cheque e, no total, este subsídio de transporte custa à TAP 2700 euros por mês. Esta foi uma solução encontrada pela empresa gerida por Christine Ourmières-Widener face à falta de carros de serviço.
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Com a atual frota toda ocupada, e sem mais veículos disponíveis, a TAP optou por pagar mensalmente este valor aos seis diretores sem carro, para cobrir os seus custos de deslocação através da plataforma de transporte.
O pagamento deste voucher será realizado durante todo o ano, ou seja, contas feitas, a TAP terá desembolsado, com esta medida, até ao fim do ano, 32 400 euros. O DN/Dinheiro Vivo pediu esclarecimentos à transportadora, mas não obteve resposta.
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TAP poderá desistir da frota
Até dezembro a companhia de bandeira irá rever "a sua política interna de mobilidade", conforme justificou no início da semana a empresa. E ao que o DN/Dinheiro Vivo apurou, a transportadora pode vir mesmo a alargar esta política dos vouchers mensais para transporte a todos os administradores e diretores, deixando cair os contratos de leasing no próximo ano.
Se assim for, a TAP deixará de ter frota de carros alugada podendo antes optar por conceder, em lugar do automóvel, um subsídio mensal de transporte a cada uma das chefias.
Atualmente, os gastos anuais com o aluguer da frota automóvel da TAP deverão ascender a 288 mil euros, e incluem o renting de 50 Peugeot, que custam perto de 400 euros mensais, três BMW e cinco Audi, com um custo mensal de 500 euros.
Os problemas com a atual frota da TAP começaram no ano passado. O contrato de quatro anos com a empresa ALD Automotive estava assinado até ao final de 2022 e a companhia, não tendo "outra opção senão celebrar novos contratos", conforme justificou, tentou avançar com um novo leasing de 50 BMW, alegando a poupança de 630 mil euros - valor total da duração dos contratos, incluindo despesas de impostos, manutenção, etc.
O novo negócio representaria, segundo a TAP, poupar mais de "20% do valor mensal da renda e tributação, relativamente a novos contratos de renting para viaturas com características semelhantes às atuais (gasóleo), estando em linha com o plano de reestruturação" já que representaria "o menor custo possível em sede de concurso no mercado", apresentando "também melhores prazos para entrega das viaturas".
A polémica à volta do caso, que levou o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, a pedir "bom senso", fez a companhia recuar na decisão e estender por mais um ano o contrato da atual frota. A TAP deverá assim, nos próximos meses, decidir qual será a estratégia relativamente à mobilidade das chefias de forma a ter uma resposta no início de 2024, uma vez que o contrato prorrogado termina no final de 2023.
Rute Simão é jornalista do Dinheiro Vivo