TAP: Trabalhadores sem confiança na administração pedem demissão da CEO
Sindicatos da transportadora querem a saída da CEO, Christine Ourmières-Widener, e do chairman, Manuel Beja, após polémica com Alexandra Reis. Trabalhadores defendem que a gestão da empresa perdeu a credibilidade e já não tem condições de continuar em funções.
Há muito que a paz social na TAP é uma miragem e a relação entre a gestão da empresa pública e os trabalhadores tem sido pautada por um braço de ferro sem fim. A lista de polémicas que envolve a transportadora no último ano é longa e o cheque de 500 mil euros pago à ex-gestora Alexandra Reis a título de indemnização para abandonar a companhia foi a gota de água. Apesar de o governo manter a administração da TAP presa por um fio, enquanto aguarda o veredito da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), os trabalhadores acreditam não haver dúvidas de que a gestão da TAP perdeu credibilidade e pedem a Christine Ourmières-Widener que assuma o mea culpa e se demita.
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"A CEO da TAP tem uma responsabilidade de gestão de dinheiros públicos que não se viu, a confiança que há na própria CEO é mínima. As condições de continuar à frente da companhia, até por uma questão de credibilidade, são poucas ou nenhumas", defende o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC). Tiago Faria Lopes não tem dúvidas de que a porta da rua é o único caminho para a gestora francesa. "Tem de apresentar a demissão. Se alegadamente mentiu à CMVM, que é uma entidade reguladora de respeito e idónea, o que fará aos restantes trabalhadores? A confiança foi perdida", afiança.
O dirigente sindical vê a saída do antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação como um ato de "grande responsabilidade e bom senso a nível político" e pede que Ourmières-Widener lhe siga os passos, mas não sozinha. "É uma questão de responsabilidade de gestão e empresarial. O ex-ministro Pedro Nuno Santos trouxe a CEO e também o chairman, Manuel Beja [para a TAP]. Se o ministro se demitiu, eles também se devem demitir", acrescenta. Também o representante dos tripulantes concorda que as condições para a presidente-executiva se manter na liderança da transportadora "são mínimas".
"Eticamente, numa empresa que tem cortes substanciais em todo o grupo, aqueles valores [pagos a Alexandra Reis] são vergonhosos e eticamente reprováveis. Não vale a pena dourar a pílula, a atual administração está muito mais fragilizada. Toda aquela postura do profissionalismo, da rigidez e do plano de reestruturação que era intocável caiu por terra", lamenta Ricardo Penarroias. O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) acredita que depois de Alexandra Reis e Pedro Nuno Santos terem "assumido a responsabilidade e se terem demitido" a CEO deve copiar o exemplo.
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