Sons da música oriental: instrumentos tradicionais chineses

A história do fabrico de instrumentos chineses remonta a mais de 8000 anos, recuando ao Neolítico. Os instrumentos tradicionais chineses dividem-se em quatro categorias principais: os "sopros", as "cordas dedilhadas", as "cordas com arco" e a " percussão.
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O fabrico dos instrumentos musicais na China possui uma longa história. Em 1986, num sítio arqueológico do período Neolítico, localizado em Henan, foi descoberta uma flauta feita de ossos de garça que tem mais de 8000 anos. Desde o tempo da Dinastia Zhou (1064 a.C. - 221 a.C.), que a música já era uma das "seis artes", juntamente com os Ritos, o Tiro com arco, a Condução de carros de guerra, a equitação, a Caligrafia e a Matemática, sendo estas as aptidões indispensáveis para a nobreza chinesa.

Mais tarde, Confúcio criou o Confucionismo e classificou as "seis artes" como um conteúdo educacional básico, no qual a Música era considerada uma disciplina importante para o aperfeiçoamento moral. Nos seus últimos anos, Confúcio dedicou-se à compilação de cantos folclóricos da Dinastia Zhou, selecionando 305 poemas de entre uns 3000, para criar a mais antiga antologia de poesia chinesa, o Shijing - Livro das Canções, cujos poemas foram também entoados ao som do guqin, um dos mais emblemáticos instrumentos musicais tradicionais chineses. O som profundo e ressonante produzido pelo instrumento é considerado pelos confucionistas como o símbolo de um "homem virtuoso". Além disso, o toque do guqin é influenciado pela filosofia taoista, que valoriza a harmonia com a Natureza e a elegância transcendental, com composições que frequentemente retratam a beleza da Natureza.

Durante a Dinastia Tang (618-907), um período de intenso intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente, vários instrumentos musicais dos povos nómadas da Ásia Central foram introduzidos na China, sendo o huqin um deles.

O termo hu era usado pelos antigos chineses das planícies centrais para descrever os povos nómadas do norte, portanto, huqin refere-se ao tipo de instrumento de corda destes povos.

Após a sua introdução na China, evoluiu para instrumentos de corda únicos chineses, como o erhu e o jinghu, que são semelhantes ao violino. No entanto, o huqin tem geralmente apenas duas cordas. Embora tenha um alcance mais limitado, produz um som suave e encorpado quando tocado em tempos lentos ou em notas baixas, produzindo uma expressão emocional rica e delicada.

Os instrumentos tradicionais chineses dividem-se em quatro categorias conforme o método de toque, que são "os sopros", "as cordas dedilhadas", "as cordas com arco" e "a percussão". Na categoria dos sopros, encontramos instrumentos como o suona, a flauta e o xiao, que são tocados de maneira semelhante a instrumentos ocidentais como o trompete e a flauta.

As cordas dedilhadas, como os da família huqin, são tocados friccionando-se as cordas com um arco. A categoria das cordas com arco abrange instrumentos de corda dedilhada, destacando-se o pipa, o guzheng e o guqin.

Por fim, a percussão inclui instrumentos como os tambores e os sinos, fundamentais para o ritmo na música tradicional chinesa.

Os instrumentos tradicionais chineses são notáveis pela sua diversidade. Cada instrumento apresenta uma maneira de toque distinta e oferece um timbre único. Bai Juyi, poeta da Dinastia Tang, descreve vivamente a execução e a sonoridade de pipa no seu célebre poema O Som de Pipa com as seguintes linhas:
"As notas agudas lamentam como a chuva torrencial, e as graves sussurram como as confidências suaves. Lamentos e sussurros entrelaçam-se, como pérolas grandes e pequenas a cair num prato de jade."

Na China, existem 56 grupos étnicos distintos, cada um com os seus instrumentos musicais característicos. O morin khuur, por exemplo, é um instrumento de cordas com arco originário da Mongólia, cujo som profundo evoca a amplitude e a serenidade das estepes. O ghijak é um instrumento de cordas também tocado com arco, típico dos Uigures e outras minorias étnicas de Xinjiang, frequentemente presente em pequenos encontros sociais. Durante essas ocasiões, um músico toca o ghijak, enquanto outro acompanha com uma pandeireta, criando a base musical para os cantos e as danças.

Preservando a tradição de abertura e diversidade inerente à cultura chinesa, os instrumentos musicais tradicionais da China têm sido enriquecidos e desenvolvidos mediante os elementos provenientes da música internacional. Atualmente, as orquestras tradicionais chinesas têm incorporado com discernimento, instrumentos co- mo o violoncelo e o contrabaixo, com o intuito de realçar e robustecer o registo grave do seu conjunto orquestral.

Por outro lado, as orquestras de música tradicional chinesa frequentemente realizam espetáculos pelo mundo, colaborando com músicos locais para interpretar a música tradicional de diferentes regiões. Por exemplo, em novembro deste ano, a Orquestra Chinesa de Macau uniu-se ao fadista português Camané para um espetáculo conjunto de Fado, em Macau, que foi calorosamente acolhido pelo público.

INICIATIVA DO MACAO DAILY NEWS

PARA INTENSIFICAR OS INTERCÂMBIOS CULTURAIS ENTRE PORTUGAL E A CHINA, O DIÁRIO DE NOTÍCIAS LANÇA, EM COLABORAÇÃO COM MACAO DAILY NEWS, UMA SÉRIE DE EDIÇÃO ESPECIAL "UM VISLUMBRE DA CULTURA CHINESA" TODAS AS QUINTAS-FEIRAS, PARA DAR A CONHECER MELHOR AOS NOSSOS LEITORES A CULTURA CHINESA.

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