Sindicato alerta para saídas com "magnitude" na banca

Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários reuniu-se em plenário com trabalhadores do Montepio e do Santander. Os dois bancos têm em marcha processos de redução de pessoal.

"É uma mudança de paradigma." É assim que Paulo Marcos, presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, classifica o processo em curso de novos despedimentos na banca. "Os bancos estão a acelerar ou a retomar os seus planos de reestruturação", salientou ao DN/Dinheiro Vivo, confirmando que o sindicato se reuniu nos últimos dois dias em plenário com os trabalhadores do Banco Montepio e do Santander.

Os dois bancos têm em marcha processos de redução do número de quadros, e os números ainda não são conhecidos, mas Paulo Marcos deixou um aviso: "Esperamos que [o número de trabalhadores em causa] seja de alguma magnitude." Daí haver também muito interesse por parte dos bancários em obter informações, numa altura em que as reuniões entre os trabalhadores selecionados e as direções de recursos humanos já começaram. "Estamos a ter a maior participação de sempre nestes plenários. São centenas de trabalhadores a participar", referiu.

Dois bancos diferentes

Ontem, quarta-feira 21 de outubro, foi dia de plenário com os trabalhadores do Santander. O banco emitiu um esclarecimento, na semana passada, sobre o processo, em que adiantou que "a política que tem sido seguida, e que continuamos a executar, é de as saídas serem feitas por acordo entre o banco e cada trabalhador. Não prevemos que durante o corrente ano se altere o número médio de colaboradores que sairão por acordo, reforma e pré-reforma".

A reação surgiu depois de um alerta dos principais sindicatos do setor, ao terem conhecimento que o Santander "tem vindo a propor rescisões por mútuo acordo, tendo para esse efeito convocado os trabalhadores para a realização de reuniões, com um representante dos recursos humanos e um consultor externo". "Estes Sindicatos não podem deixar de salientar que este procedimento massificado não se compagina com a prática que o Banco Santander sempre seguiu, sendo surpreendente numa Instituição que se tem notabilizado pelos lucros que, repetida e sistematicamente, obtém em Portugal", alertaram.

No caso do Montepio, o plenário com os trabalhadores decorreu na terça-feira. Segundo fonte oficial do banco, citada pela Lusa, "com base nos cenários analisados, estima-se um intervalo máximo indicativo de redução entre 600 e 900 colaboradores". As saídas de trabalhadores serão feitas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo. O banco pediu ao Governo autorização para alargar a quota para os trabalhadores que aceitarem deixar o banco poderem aceder ao subsídio de desemprego.

De acordo com o Observador, o Montepio encerrou 18 balcões no mês de outubro e vai fechar mais 19 até ao final de 2020. A União dos Sindicatos Independentes (USI) - Confederação Sindical já tinha apelado ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para encontrar soluções para a situação no Banco Montepio, em relação ao programa agressivo de despedimentos no banco. A USI lembrou que compete ao Ministério do Trabalho "parte da tutela da Montepio Geral - Associação Mutualista - dona do banco -, e por isso tem especiais deveres de acompanhar o tema e contribuir para as soluções". Paulo Marcos frisou que, até ao momento, não houve qualquer resposta por parte do ministério.

O Montepio tem sido apontado como um dos bancos mais vulneráveis ao impacto da crise atual. Toda a banca tem sido afetada pelo impacto das medidas adotadas pelo Governo no âmbito da epidemia. No primeiro semestre deste ano, o Montepio registou prejuízos de 51,3 milhões de euros, que comparam com um lucro líquido de 3,6 milhões de euros em igual período de 2019.

Elisabete Tavares é jornalista do Dinheiro Vivo

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