Sinais de recessão fazem soar alarmes na economia mundial

Contração da economia alemã, crescimento da produção industrial chinesa abaixo do previsto e a queda do rendimento dos títulos da dívida pública dos EUA a 10 anos para valores inferiores aos das obrigações a dois anos são sinais que preocupam os economistas. Bolsa de Nova Iorque teve fortes perdas na quarta-feira.

A bolsa nova-iorquina encerrou na quarta-feira com fortes perdas, com os investidores a cederem a um clima de incerteza envolvente da economia internacional e à multiplicação de sinais de recessão sobre a economia dos EUA.

"É quase como se estivéssemos a ver uma versão num livro da escola sobre um período pré-recessivo", disse Nicholas Akins, diretor-executivo da American Electric Power Co, que fornece energia em 11 estados norte-americanos, numa entrevista na quarta-feira, citado pelo The Wall Street Journal.

A influenciar os mercados esta semana estiveram a contração da economia alemã no segundo trimestre deste ano, quando o seu produto interno bruto (PIB) caiu 0,1%, e o crescimento da produção industrial chinesa que foi o menor em 17 anos, aguardando os investidores com expectativa os dados sobre as vendas a retalho e a produção nos EUA.

"Os dados económicos acalmaram e estão a enviar cada vez mais sinais de recessão, particularmente do lado industrial",disse Michelle Meyer, responsável pela economia dos EUA no Bank od America Merrill Lynf. "O comércio é uma grande parte disso", acrescentou, citada pelo The New York Times.

Outro dos sinais de alerta na quarta-feira foi o rendimento dos títulos da dívida pública dos EUA a 10 anos, que caiu temporariamente para valores inferiores aos das obrigações desta dívida a dois anos, o que aconteceu pela primeira vez desde 2007.

Este fenómeno, designado como "inversão das curvas de rendimento", reflete a diferença de rendimento pago pelo Estado norte-americano aos investidores que apostam na sua dívida, respetivamente, a longo ou a curto prazo.

Temido nos mercados financeiros, é geralmente interpretado como um indicador avançado de uma recessão.

"Se esta inversão se confirmar, quer dizer que o mercado acionista vai sofrer ainda mais, devido à incerteza, e vamos assistir a uma corrida para os ativos considerados mais seguros", como as obrigações, antecipou Peter Cardillo, da Spartan Capital Securities.

Mas os sinais de alerta têm vindo a multiplicar-se nas últimas semanas: preços do ouro e da prata a galopar, venda de ações e cada vez mais obrigações soberanas a registar taxas de juro negativa.

A guerra económica entre EUA e China também não ajuda: se inicialmente o Presidente norte-americano, Donald Trump, beneficiava da situação económica positiva dos EUA para pressionar Pequim, um crescimento mais lento pode obrigá-lo a repensar o caso -- ainda na terça-feira anunciou o adiar de algumas tarifas sobre importações chinesas.

Na quarta-feira, o índice seletivo Dow Jones Industrial Average perdeu 3,05%, para os 25.479,42 pontos, na que foi a sua perda mais pesada este ano.

Esta quinta-feira, as bolsas europeias negoceiam ainda sem tendência definida, escapando às quedas de quarta-feira em Wall Street, e graças ao comportamento positivo das praças asiáticas, com as ações chinesas a negociar em terreno positivo.

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