Quando a preparação encontra a oportunidade

A contagem decrescente para a Web Summit 2023 está quase a chegar ao fim e o DN conta com o contributo de Miguel Alves Ribeiro, CEO da sheerME.
Publicado a


Estamos a atravessar um momento repleto de oportunidades e desafios no ecossistema. Vivemos tempos desafiantes para empreendedores e startups onde a complexidade de um mercado em quebra, dificulta a angariação de capital e, por outro lado, obriga a reavaliar a nossa estratégia, com foco num crescimento sustentável. Ainda assim, as oportunidades são vastas pois estamos a viver um boom tecnológico. Mas será que conseguimos tirar o melhor partido delas? Os consumidores tornaram-se extremamente digitais após a pandemia e muitos negócios precisam de se digitalizar para acompanhar a tendência.

No setor em que a sheerME atua, Wellness e Beleza, identificámos uma grande oportunidade. É evidente a carência de inovação tecnológica substancial neste campo, com exceção do "software de gestão". Os comerciantes ainda não valorizam este tipo de soluções como marcações e pagamentos de serviços através do digital, porque apesar de relevantes, elas abordam apenas uma parte do problema e são percebidas como um custo que não proporciona benefícios diretos. Assim, como empreendedores que enfrentaram desafios semelhantes no setor da restauração, compreendemos as necessidades dos comerciantes. Eles precisam de uma plataforma de aquisição de clientes que se traduza em mais negócio.

É aqui que a sheerME entra, dando aos consumidores mais opções através de uma SuperApp direcionada a levar ao consumidor o que ele precisa, sempre com benefícios. Mas a dificuldade que qualquer empreendedor enfrenta é semelhante e nós não somos exceção. Ao tentar inovar, existe resistência na adoção e uma tendência a comparar com algo familiar, este é um fator humano que raramente pode ser superado apenas com tecnologia. O que define o sucesso de uma startup é a aceitação do mercado e a adoção, frequência e repetição de uso, que são indicadores de sucesso.

Atualmente, ser empreendedor está na moda, isso resulta num aumento no número de startups e, consequentemente, no "ruído" que dificulta a captação de investimentos. Uma boa ideia tem de estar aliada a um produto de qualidade e a uma estratégia de implementação eficiente, caso contrário é extremamente difícil uma startup ganhar tração. Medir as métricas corretas é crucial e um empreendedor deve estar apto a ouvir o feedback dos diversos stakeholders, no entanto, cabe ao empreendedor tomar a decisão final.

Hoje em dia, o nosso ecossistema beneficia de um amplo apoio de aceleradoras, instituições de ensino, investidores e entidades governamentais. Em Portugal, somos privilegiados por contar com um ecossistema dinâmico, repleto de mentores prontos a apoiar os empreendedores. Há 12 anos, quando iniciámos a nossa jornada, era difícil imaginar essa realidade. Esse suporte acelera significativamente o processo de aprendizagem e oferece aos aspirantes a empreendedores a oportunidade de trilhar o caminho com orientação daqueles que já passaram por essa experiência.

Para que uma startup possa realmente avançar, considero que é fundamental procurar capital de risco, explorar as possibilidades de crowdfunding e até mesmo ponderar recorrer a empréstimos. No entanto, enfrentar esses desafios não é tarefa fácil, especialmente porque está cada vez mais complicado atrair a atenção de investidores que têm a capacidade de tomar decisões significativas.

Segundo dados do DocSend, em média cada investidor dedica aproximadamente 3 minutos e 20 segundos para analisar um pitch ou apresentação, e tudo indica que essa janela de oportunidade se torne cada vez mais curta com o passar do tempo. Por isso, considero relevante abordar um grande número de investidores, especialmente aqueles que demonstram interesse no estágio e no setor específico da startup.

No mundo empreendedor, é inegável que os empreendedores precisam de estar preparados para lidar com uma série de "nãos" e mostrar resiliência para recomeçar no dia seguinte. Com base na minha experiência, aconselho que o empreendedor reserve, no mínimo, 80% do seu dia para se preparar para as interações com investidores durante o processo de angariação de fundos.

Identifico três pontos fundamentais:

1. Preparar o pitch, que deve ser ajustado ao perfil de cada investidor;

2. Listar os investidores, priorizando os mais relevantes e organizando um "funil de contactos";

3. Preparar-se para a Due Diligence, reunindo todas as informações relevantes para a partilha quando forem solicitadas - facilita o trabalho do analista e aumenta a probabilidade de ganhar a confiança para o investimento;

As oportunidades para um empreendedor são muitas hoje em dia, bem como os desafios, mas principalmente a preparação, resiliência, capacidade de aprendizagem rápida e execução são características fundamentais para o sucesso de qualquer startup ou empreendedor. Acredito que quando a preparação encontra a oportunidade, o sucesso torna-se possível.

CEO da sheerME.

SOBRE A SHEERME uma SuperApp de marcações e pagamentos de serviços de bem-estar.
Redes Sociais da SheerMe: Facebook + Instagram
Para mais informações consultar: sheerme.com
Para mais informações e imagens, por favor contacte:
Clara Oliveira T: +351 916 753 932
E: clara.oliveira@doctorspinpr.com

Diário de Notícias
www.dn.pt