Preços sobem 5,2%, apesar da crise, mas já se vendem menos casas
O preço das casas em Portugal continua a aumentar, aparentemente indiferente ao ciclo económico depressivo do país. Nos primeiros três meses do ano, registou-se um aumento 5,2% quando comparado com o trimestre homólogo, revelou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). Mas, para quem está a pensar adquirir um imóvel há uma notícia animadora, a subida dos preços perdeu fôlego. Desceram 3,4 pontos percentuais face à escalada de 8,6% na reta final de 2020. É preciso recuar mais de cinco anos para se observar um incremento semelhante ao deste primeiro trimestre. "Este resultado traduziu-se no aumento de preços menos expressivo registado desde o quarto trimestre de 2015", quando a subida se fixou em 5%, diz o INE. O preço das casas novas aumentou 4,5% e, no caso das existentes, 5,4%
O confinamento do inverno, quando o país se fechou para conter a propagação da pandemia, teve consequências no mercado. Nos primeiros três meses do ano, foram transacionadas 43 757 habitações, uma subida ligeira de 0,5% face ao mesmo período de 2020, que se deveu exclusivamente ao contributo positivo do mês de março. Neste último mês, as vendas aumentaram 27,5% face ao homólogo, embora este incremento reflita o efeito base da comparação, ou seja, o início do primeiro encerramento sanitário do país (março de 2020). Em janeiro e fevereiro, o INE reporta decréscimos no volume de transações de 8,3% e 14,1%, respetivamente, que se podem justificar pelas maiores restrições à mobilidade. No trimestre em análise, foram transacionados 37 227 imóveis residenciais, mais 0,6% do que no homólogo, e 6 530 casas novas, um aumento de 0,3%.
O volume de vendas atingiu os 6,9 mil milhões de euros nos três primeiros meses do ano, um aumento de 2,5% face ao período homólogo. Segundo o Índice de Preços da Habitação do INE, o valor das casas novas transacionadas caiu 3,7%, para um total de 1,3 mil milhões. Já as transações de alojamentos existentes geraram 5,6 mil milhões, um aumento de 4,1%. Em janeiro, os valores das casas vendidas caíram 8,3% e em fevereiro, 8,5%. Em março, já se verificou um aumento de 27,6%.
O volume de transações na Área Metropolitana de Lisboa (AML) apresentou um decréscimo de 2,2% no primeiro trimestre do ano, para 3,1 mil milhões de euros face ao homólogo de 2020, reduzindo para 45,6% o seu peso no valor total das casas vendidas em Portugal. Neste período foram compradas 14 713 habitações na AML, uma quebra de 4,6%. O peso do número de casas vendidas em Lisboa no total do país ficou, assim, nos 33,6%. Este foi o terceiro trimestre consecutivo em que se observou uma redução no peso relativo da região neste indicador, diz o INE. Em sentido oposto, a Área Metropolitana do Porto registou um aumento de 8,8% nas vendas, para 1,16 mil milhões, e um incremento de 1% no número de imóveis vendidos, totalizando 7 291 unidades residenciais transacionadas.
Na região Norte, foram vendidas 12 713 casas nos três primeiros meses do ano, um aumento de 4,5% face ao mesmo período do ano anterior. Estas transações valeram 1,7 mil milhões de euros, mais 10,6%. Para além do Norte, só as regiões do Alentejo, Centro e Madeira apresentaram um crescimento do número e do valor das transações. Na região Centro foram vendidos 8 451 alojamentos (mais 7,1%), o que corresponde a um peso relativo de 19,5%, que tem aumentado há quatro trimestres consecutivos. O Alentejo totalizou 3 035 transações (15,7%). Em valor, o Centro verificou um aumento de 10,8% e o Alentejo de 26,8%.
As outras regiões (AML, Algarve e Açores) apresentaram uma contração do mercado imobiliário, registando taxas de variação homólogas negativas quer no número de transações quer no valor das casas vendidas. No Algarve, foram transacionados 3 240 imóveis, menos 13,5%, que geraram vendas da ordem dos 648 milhões, menos 9,1%.