Portugal cai seis lugares no ranking mundial de talento

Tabela do IMD (International Institute for Management Development) mostra que Portugal perdeu terreno para países ou regiões como Hong Kong, Nova Zelândia, Irlanda, Israel, Taiwan e Malásia
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Portugal ocupa o 23º lugar no ranking mundial de talento, tendo perdido seis posições face à tabela de 2018. Os dados são do IMD World Talent Ranking 2019, que avalia a capacidade de desenvolvimento, atração e retenção do talento de 63 países, e que mostra que Portugal está a perder terreno neste domínio, devido à "deterioração do investimento e desenvolvimento" nesta área.

A tabela é liderada pela Suíça, que revalida o título de principal pólio de talento do mundo, e pela Dinamarca. Na terceira posição surge a Suécia, que subiu cinco lugares face ao ano anterior. A Europa domina o ranking divulgado esta segunda-feira, com o IMD a destacar a capacidade de liderança da região na "promoção das melhores condições à competitividade" numa economia global em que a mão de obra qualificada escasseia.

A tabela do IMD World Competitiveness Center, centro de investigação suíço com mais de 30 anos de experiência nos temas da competitividade, é criada a partir da análise de três fatores: o Investimento e Desenvolvimento, a Atratividade e a Disponibilidade. E é precisamente a "deterioração" do fator "Investimento e Desenvolvimento", que terá afetado a "Disponibilidade" de talento, que leva Portugal a perder seis posições para Hong Kong, Nova Zelândia, Irlanda, Israel, Taiwan e Malásia. Esta tendência, explicou ao Dinheiro Vivo o economista sénior do IMD José Caballero, foi "sublinhada por uma mudança negativa nas opiniões dos executivos" inquiridos.

Segundo este responsável, no que ao "Investimento e Desenvolvimento" diz respeito, Portugal ocupa o 25º lugar no total de gastos públicos em educação, o 41º na oferta de ensino profissional e o 58º na disponibilização de formação em contexto laboral. Em termos de "Atratividade", as maiores quedas verificaram-se na prioridade à atração e retenção de talentos (de 33º para 48º), na motivação dos trabalhadores (de 33º para 47º) e, em menor grau, na fuga de cérebros (de 29º para 35º). "No fator "Disponibilidade", a oferta de recursos com habilitações nas áreas financeiras (40º), de gerentes seniores competentes (45º) e de gerentes com experiência internacional (54º) estão no centro da crise do país", salienta José Caballero. Recorde-se que a tabela é composta por 63 países.

Além da Suíça, Dinamarca e Suécia, o top 10 do IMD World Talent Ranking 2019 é completado pela Áustria, Luxemburgo, Noruega, Islândia, Finlândia, Holanda e Singapura. O Luxemburgo subiu quatro posições, a Islândia subiu nove, e Singapura avançou três lugares. A Áustria manteve-se estável na quarta posição e todos os restantes caíram.

"O topo do ranking é dominado por pequenos e médios países europeus. Todas essas economias compartilham fortes níveis de investimento em educação e elevada qualidade de vida. Com exceção da Estónia e da Lituânia, em 27º e 28º lugares, respetivamente, as economias da Europa Oriental ficaram na metade inferior do ranking. Fora dos 10 primeiros, as maiores subidas foram para Taiwan, China (subiu sete posições e está em 20º), Lituânia (subiu oito lugares e está em 28º), Filipinas (seis posições recuperadas, está em 49º) e a Colômbia (sobe seis para 54º lugar)", destaca o IMD em comunicado.

Segundo o estudo, a Suíça lidera o mundo no fator "atratividade" e em áreas como o ensino profissional, as infraestruturas de saúde, as remunerações, a atração de trabalhadores estrangeiros altamente qualificados e a educação universitária e de gestão.

Já a Dinamarca é a economia líder mundial em "investimento e desenvolvimento", enquanto Singapura - a única nação não europeia no top 10 - tem a maior pontuação global ao nível da disponibilidade de talentos.

"A maioria das economias líderes põe a tónica no desenvolvimento de talentos a longo prazo, concentrando-se no investimento e desenvolvimento. Essa ênfase, no entanto, vai além dos aspetos meramente académicos, para abranger a implementação efetiva de formação profissional. Essa abordagem garante um alinhamento consistente entre a procura e a oferta de talentos ", sublinha o diretor do IMD World Competitiveness Center, Arturo Bris.

Na Ásia, Singapura, Hong Kong e Taiwan (China) lideram ao nível da competitividade de talentos devido à disponibilidade de recursos. Singapura saltou da 13ª para a 10ª posição face ao ano passado, enquanto a China ficou na metade inferior do índice.

Na região do Pacífico, a Austrália (16º) e a Nova Zelândia (17º) "confirmaram o seu status como polos de atração de talentos". Ambos os países mostram altos níveis de disponibilidade de talentos e oferecem uma qualidade de vida atrativa para profissionais internacionais.

Os EUA mantiveram a sua posição, no 12º lugar, enquanto o Canadá caiu sete posições, para 13º, devido à "diminuição da despesa pública total em educação e a um declínio geral em todos os fatores de talento".

No Oriente Médio, Israel permaneceu na 19ª posição, seguido pelo Qatar (26º) e Arábia Saudita (29º).

Na parte inferior do ranking estão várias economias latino-americanas que "lutam para desenvolver e reter talentos", refere o IMD. Venezuela (62º), México (60º), Colômbia (54º) e Brasil (61º) debatem-se com "problemas relacionados com a fuga de cérebros, bem como níveis relativamente baixos de investimentos em educação".

jornalista do Dinheiro Vivo

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