Por cada 100 prédios novos há 747 com mais de 60 anos

Nos últimos dez anos, registou-se um aumento de 1,7% no número de alojamentos, muito abaixo do verificado em décadas anteriores.

Não é nenhuma novidade que há falta de casas em Portugal. A procura é muito superior à oferta e essa discrepância no mercado tem elevado a níveis históricos o preço da habitação. Agora, o país também ficou a saber que o parque habitacional está bastante envelhecido. Por cada 100 edifícios construídos depois de 2011, existem 747 construídos até 1960. Este é um dos dados do retrato da habitação em Portugal divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística com base nos resultados dos Censos 2021.

Para este envelhecimento contribuiu a fraca dinâmica construtiva registada na última década. Entre 2011 e 2021, registaram-se aumentos de apenas 1,7% no número de alojamentos e de 0,8% em edifícios, muito inferiores "ao verificado em décadas anteriores, em que as taxas de variação foram sempre superiores a 10% para os edifícios, e entre os 16,3% a 25,0% para os alojamentos", diz a análise do INE. Nesta última década, foram construídos pouco mais de 110 mil edifícios, o que correspondeu a 3,1% do parque habitacional, que totaliza agora 5,9 milhões de fogos e 3,5 milhões de prédios. As regiões de Lisboa e Porto concentram 39,1% das casas existentes, com a Área Metropolitana de Lisboa a abarcar 25,1% e a Área Metropolitana do Porto a responder por 14%.

Os resultados dos Censos 2021 permitiram concluir que a maioria dos edifícios não necessita de reparações (64,2%), mas ainda assim há 1,2 milhões de prédios (35,8%) a carecer de intervenção. O estudo revela a necessidade de obras ligeiras em 780 mil empreendimentos, médias em 335 mil e profundas em 163 mil. Mais de metade dos edifícios com necessidades de reparação profundas encontra-se vaga.

As respostas dos portugueses aos Censos 2021 permitiram concluir que mais de 63% dos alojamentos de residência habitual encontram-se sublotados, ou seja, a sua dimensão permitiria mais residentes. Como adianta o estudo, cerca de 28,9% tinham uma divisão em excesso e 15,3% apresentavam três ou mais divisões excedentárias. As casas sobrelotadas representam 12,7%, com 9,7% destas habitações a necessitar de mais uma divisão e 0,7% de, pelo menos, mais três. A lotação normal foi detetada em 23,7% do total das residenciais habituais.

A análise permitiu concluir que 69,4% das casas portuguesas são usadas como residência principal, sendo que dentro deste universo os alojamentos têm maioritariamente quatro ou cinco divisões. De acordo com o estudo, pouco mais de metade dos fogos familiares clássicos (51,9%) apresentam uma área útil entre 60 metros quadrados (m2) e 119 m2, registando-se uma área média útil de 112,4 m2.

Em 61,6% dos alojamentos ocupados pelo proprietário não existem encargos com a aquisição de habitação. No restante universo, as despesas mensais derivadas da compra de casa são da ordem dos 360,5 euros. Nos fogos arrendados, o valor médio de renda atinge os 334 euros.

Sónia Santos Pereira é jornalista do Dinheiro Vivo

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