Pharol quer novos administradores judiciais na Rioforte
Com a Pharol estão mais 900 credores da empresa. Querem evitar que ex-administradores do GES beneficiem da venda da massa falida
A Pharol e mais 900 lesados com o papel comercial de Rioforte querem impedir que ex--administradores do Grupo Espírito Santo, incluindo Ricardo Salgado, possam vir a beneficiar com a venda de ativos da empresa e pediram o afastamento dos atuais responsáveis pela liquidação - Alain Rukavina e Paul Laplume - , que acusam estarem a ser assessorados por uma sociedade liderada por pessoas ligadas ao universo GES.
No requerimento de 16 páginas que enviou em maio para o Tribunal de Luxemburgo, onde decorre o processo de insolvência da Rioforte, a Pharol contesta a forma como Alain Rukavina e Paul Laplume, gestores da liquidação da Rioforte e da Espírito Santo International (ESI), estão a gerir o processo. Para a Pharol, a sua atuação está a ter impacto no modo como os credores vão beneficiar da massa falida, entre os quais Ricardo Salgado, presidente do BES e líder do GES.
A Pharol tornou-se a maior credora do BES depois de a Rioforte ter falhado o reembolso de cerca de 900 milhões de euros em papel comercial subscritos pela PT, SGPS e pela PT Finance. A empresa do GES, entende a Pharol, teria tido capacidade de reembolsar essa dívida, não fossem as operações feitas após esse investimento dentro do GES, mandatadas pelos homens de topo do grupo. Situação que abriu uma grave crise entre os acionistas da então PT, SGPS e a operadora brasileira Oi, com quem estava em processo de combinação de negócio com vista à criação do maior operador de telecomunicações lusófono.
Já os curadores, segundo a Pharol, consideram que a incapacidade da Rioforte em assegurar os seus compromissos decorreu da decisão do Banco de Portugal de intervir no BES em agosto de 2014.
"Parece evidente que os curadores apoiam a posição do principal responsável pela ruína. O tribunal apreciará", aponta a Pharol na documentação citada pela Lusa, mas lembra que esse é um dos argumentos de defesa usados em Portugal por Ricardo Salgado nos processos em que está envolvido. A Pharol diz ainda que os curadores são assessorados pela sociedade Black in Line, a que acusa de ligações ao universo do GES. "Sabendo que esta empresa é dirigida por Ana Paula Alves, que era administradora da Rioforte à data das transações litigiosas [que a Pharol contesta], e Caetano Beirão de Veiga, membro da família Espírito Santo, percebemos por que se chama Black in Line, refere.
Os credores da Rioforte e da ESI têm até 30 de setembro para reclamar créditos.