Pedro Nuno Santos: Plano de reestruturação dá garantias da viabilidade da TAP

O ministro das Infraestruturas defendeu esta tarde no parlamento que o draft do plano de reestruturação da TAP não foi enviado ao parlamento porque faz "striptease" da companhia, ou seja, traz um retrato exaustivo da transportadora aérea o que poderia dar vantagens à concorrência.

O plano de reestruturação da TAP foi enviado para Bruxelas no passado dia 10 de dezembro e apresentado ao País no dia seguinte. O documento, que ainda vai ser negociado entre Lisboa e Bruxelas, não foi enviado ao parlamento. Pedro Nuno Santos explica que o documento tem informação "sensível" sobre a companhia, algo que é importante para a empresa mas também para os concorrentes. No parlamento, o ministro das Infraestruturas defende ainda que apesar do contexto de elevada incerteza, o plano de reestruturação dá garantias de viabilidade da companhia.

Pedro Nuno Santos, numa primeira intervenção salientou que, o plano de reestruturação não foi enviado ao parlamento porque conta com uma "escalpelização da empresa" e com a estratégia comercial da TAP. Ambos os dados são de "máxima sensibilidade" tanto para a própria TAP como para as companhias concorrentes.

Assinalando que "o plano de reestruturação é competência do governo, não é do parlamento". o governante reiterou que o plano para a TAP foi feito num "quadro de grande incerteza" mas ainda assim "neste contexto de elevadíssima incerteza, conseguimos chegar a esse plano de reestruturação que dá garantias dessa viabilidade. Há pouco, quando falámos sobre trabalhar com uma projeção mais conservadora da procura que o cenário base da IATA, é também para isso; contarmos com as surpresas negativas que podem acontecer e estamos acautelados face a elas".

Em linhas gerais, o plano de reestruturação prevê que a frota da companhia vá encolher de 108 para 88 aviões a partir do próximo ano, embora esteja previsto um aumento gradual do número de aviões até 2025. Aliás, com a reestruturação da TAP, todas as áreas da empresa vão encolher. "No nosso plano prevemos atingir o equilíbrio operacional em 2023. Em 2024, achamos que podemos ter um resultado operacional positivo e a partir daí estará em condições de começar a devolver alguma coisa do que recebeu", sustentou, recordando informação já avançada na sexta-feira.

"O plano é muito exigente do ponto de vista operacional, de trabalhadores, mas também do ponto de vista do que se pede a todos os portugueses, os que trabalham e que não trabalham na TAP. E neste equilíbrio - entre o esforço que tem de fazer a companhia e o esforço que têm de fazer os contribuintes - achamos que conseguimos chegar a um plano que nos dá garantias mínimas dessa viabilidade", afirmou.

"Se me pergunta tem a certeza que isto garante a viabilidade e que não vai ser necessário mais, não seria honesto ao dar-lhe uma resposta de certeza de 100%, porque não pode ser dada com seriedade por ninguém. Temos um plano que trabalha com variáveis conservadoras (...) trabalhamos com um cenário mais pessimista que o da IATA, achamos que estamos a construir um plano que dá perspetivas de viabilidade a prazo", acrescentou Pedro Nuno Santos.

Em termos laborais, além da não renovação de contratos, a companhia vai mesmo avançar com despedimentos de pessoal dos quadros. A TAP entre janeiro deste ano e março de 2021 não vai renovar quase 1300 contratos (1600 no grupo todo até ao final deste ano). Além disso, a reestruturação prevê a saída de até mais dois mil funcionários: 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da área de manutenção e engenharia e 250 funcionários de outras áreas.

"O plano inclui ainda uma redução - progressiva - e até 25% da massa salarial do grupo. O ministro das Infraestruturas explicou que o corte salarial progressivo, e que se aplica a todos os que auferem mais de 900 euros, vai permitir evitar o despedimento de entre 600 a mil pessoas.

Nesta terça-feira, Pedro Nuno Santos clarificou que: "Os trabalhadores com 900 euros não têm corte. Um trabalhador com mil euros tem um corte de 2,5%. Obviamente, a partir dos salários mais altos a progressividade desce bastante. Estamos a falar de salários a partir de 10 mil euros. é verdade que a progressividade diminui bastante. Achamos que a progressividade é sobretudo mais relevante até esse patamar do que obviamente a quem perde 200 euros e que ganha pouco e que pode fazer a diferença entre conseguir ou não a renda. Não temos a capacidade para garantir que não há cortes. Por isso, a progressividade é menor a partir dos 10 mil euros mas é assumida por nós".

(Notícia atualizada às 16h36)

Ana Laranjeiro é jornalista do Dinheiro Vivo

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