Paddy Cosgrave apela ao Governo português para que jovens possam ter salários competitivos

Presidente executivo da Web Summit diz que "Lisboa realmente tornou-se a casa da Web Summit" e que a capital portuguesa vai continuar a receber o evento pelo menos até 2028.

O presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, apelou esta quarta-feira ao Governo português para ajudar os jovens a terem salários competitivos na área tecnológica.

"Quando tens milhares de pessoas a mudar-se para Lisboa a auferirem salários base de Nova Iorque ou de São Francisco (Estados Unidos) na indústria tecnológica, torna-se mais dispendioso para as pessoas que residem em Lisboa localmente", afirmou o cofundador da Web Summit, numa entrevista à Lusa, em Toronto, no Canadá.

Paddy Cosgrave sublinhou que este "não é um problema único em Lisboa", mas semelhante ao que se passa em outras cidades, inclusive em Dublin (Irlanda), de onde é natural o responsável, considerada por muitos como a "cidade mais dispendiosa da Europa".

O cofundador da Web Summit também recordou que muitos habitantes de Lisboa, através das redes sociais, expressaram preocupação com a realização do evento.

"Tenho visto na internet muitas pessoas em Lisboa preocupadas que a Web Summit tenha atraído tantos jovens para a cidade. É preciso perceber que essas pessoas, na faixa etária dos 20 anos, não têm aquela disponibilidade financeira. A vida é-lhes mais dura e as pessoas com quem estão a competir, por exemplo, trabalha para a Google", sublinhou.

Apesar de no início da pandemia vários rumores apontarem que a Web Summit estava de partida para a China, o promotor da conferência alertou o público em geral para "não acreditar em tudo que se lê nas redes sociais".

"Lisboa realmente tornou-se a casa da Web Summit. Recordo-me quando viemos para Lisboa (2016), houve várias críticas desde as redes sociais e jornalistas na altura, que me perguntavam, o porquê de Lisboa, como se fosse uma decisão errada que tínhamos tomado, perante cidades como Londres ou Berlim", lembrou.

No entanto, os organizadores provaram o contrário, nos últimos cinco anos, Lisboa era desconhecido para muitas pessoas em 2016, mas tornou-se na "querida" da tecnologia na Europa.

"Muitas pessoas querem visitar a cidade, viver lá, o que cria muitas oportunidades e vários desafios", disse.

O responsável também mencionou que tem pela frente "bons desafios e um problema a ser resolvida rapidamente".

"O único problema que Lisboa tem é o de ser muito popular pelas pessoas do setor tecnológico. É uma boa coisa, há 500 anos era a cidade mais importante na Europa, está-se a tornar rapidamente na cidade mais importante do mundo", vincou.

O responsável pela conferência tecnológica espera que a autarquia lisboeta e o Governo português possam tomar a iniciada de ajudar os mais novos nos altos custos de vida.

A Web Summit está confirmada em Lisboa pelo menos até 2028, mas Cosgrave tem esperança que a conferência possa permanecer em Portugal por "muitos e longos anos", estando essa decisão nas mãos do presidente do município nessa altura e também do governo português.

Web Summit planeia expansão para Médio Oriente e África

O presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, revelou numa entrevista à agência Lusa que quer expandir as conferências tecnológicas regionais, após o Rio de Janeiro, para o Médio Oriente em 2024 e para África em 2025.

"A Web Summit em Lisboa é a conferência anual mais importante. Pensamos que um evento na América do Sul é uma grande oportunidade para fazer crescer a marca particularmente da Web Summit", afirmou à Lusa em Toronto, onde se encontra para participar na conferência regional da América do Norte 'Collision', que vai decorrer na cidade canadiana de 20 a 23 de junho.

"No seu devido tempo queremos ter uma conferência em África talvez em 2025 e no Médio Oriente em 2024. Estamos ansiosos por organizar mais eventos", acrescentou.

Recentemente, foi anunciada a realização de uma cimeira tecnológica no Rio de Janeiro em 2023, referido como um evento "regional" e uma "oportunidade" para crescer a marca fora da Europa.

Paddy Cosgrave enalteceu as 'suas' conferências tecnológicas e o seu impacto impacto global nas eleições, nas liberdades, e também na própria comunicação social.

"As conferências tecnológicas começaram só a focar-se em tecnologia, mas depois, algumas dessas empresas e a própria tecnologia, tornaram-se tão grandes, que começaram a ter um impacto nas eleições e começaram mesmo a mudar a imprensa", defendeu.

Nesse sentido, a Web Summit "tornou-se num local global de convívio, não apenas para encontro de pessoas ligadas ao ramo tecnológico, mas também para legisladores, Comissários Europeus, políticos de vários pontos do mundo, desde a NATO até ao Secretário-Geral das Nações Unidas".

"A tecnologia impacta-nos a todos, quer a nossa sociedade, as nossas eleições, as nossas democracias, a nossa comunicação social. Tornou-se num lugar importante para pessoas interessadas no futuro que aí vem para aprendermos uns com os outros", acrescentou o cofundador da Web Summit.

O responsável também defendeu que a Web Summit tem de uma forma indireta "contribuído para ajudar a tornar o mundo num melhor lugar" com a discussão de temas importantes nas várias conferências.

Paddy Cosgrave encontra-se em Toronto a preparar a Collision Conference, que terá lugar de 20 a 23 de junho, no Enercare Centre, evento irmão da conferência realizada desde 2016 em Lisboa.

Espera-se que o evento canadiano possa atingir o limite de 35 mil participantes, sendo que 340 'startups' têm como diretores executivos mulheres.

"Penso que algumas dos principais temas em análise em Toronto, serão as criptomoedas que se estão desvalorizar, as pessoas querem sabem o que se passa. Muitas das empresas tecnológicas perderam entre 70 a 90% do seu valor. As pessoas que ali vão querem saber quais as empresas pelas quais se devem animar dentro de três anos", concluiu.

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