O seu filho sabe mesmo estar online em segurança? Ponha-o à prova num quiz
Acha mesmo que os seus filhos são uns ases da navegação online e que os piratas não os apanham? Que criam passwords tão fortes que são à prova de qualquer hack e não vão ser tão ingénuos que sejam apanhados por links suspeitos de estranhos nas redes sociais? Ou que não descarregam conteúdos nos mails só porque lá diz "clica aqui"? Então deixe-os provar a sua mestria testando a sua literacia financeira num quiz sobre segurança online que a Associação Portuguesa de Bancos (APB) preparou para jovens portugueses. O desafio é apenas uma das iniciativas promovidas no âmbito da Semana da Formação Financeira que começa hoje e decorre até 31 de outubro, integrada no Plano Nacional de Formação Financeira, de que a APB é parceira.
A ideia foi aproveitar o facto de outubro ser também o Mês Europeu da Cibersegurança e "aliar a promoção da formação financeira e digital numa única iniciativa", de acordo com Rita Machado, responsável pelo "Saber de Contas", projeto de Educação Financeira da APB.
A campanha "Sabes estar online em segurança?" irá decorrer no Facebook e Instagram do Saber de Contas, e os jovens internautas têm até à próxima segunda-feira para mostrarem o que valem. O quiz vai desafiá-los a testarem os seus conhecimentos de cibersegurança, com questões, como: o que é phishing? Que dados não devem colocar nas redes sociais? Que cuidados devem ter quando criam as suas passwords? Como identificar se um site é seguro?
Na quinta-feira, 27 de outubro, no entanto, este quiz vai ser especial para os alunos do 3.º ciclo do Agrupamento de Escolas Fernando Namora, na Amadora: assumirá um formato presencial, a partir das 14.30.
A ajudar neste quiz presencial vai estar decerto Fátima Rodrigues, Professora de Geografia do Agrupamento Fernando Namora e participante no projeto Educação Financeira da APB já vai para cinco anos. Quanto aos seus alunos das Escolas onde este ano está colocada, Fátima Rodrigues garante que relativamente à cibersegurança "há muita preocupação e, no geral, eles já estão muito predispostos para este tipo de cuidados de informação, ou seja, não é um tema desconhecido."
A docente conta que todos conhecem uma história de um familiar ou um amigo que já passou por um situação de fraude online e até têm cuidado, mas há uma situação de exceção. "Há uma prática péssima, que passamos a vida a lembrá-los que eles não devem ter: eles jogam entre eles e, muitas vezes, partilham os dados da conta com amigos, para os que têm teoricamente mais jeito fazerem com que eles subam nos níveis do jogo. A verdade é que, às tantas, várias pessoas têm acesso à mesma conta e depois eles dizem que as contas são hackeadas, acabam por perder as contas que tinham e alguns deles os pais até já tinham comprado lá o que eles chama as skins e umas coisas para o jogo."
Fátima Rodrigues conta que muitas vezes é por aqui que começa a "educação" da cibersegurança, porque "é aqui que mais lhes dói", diz.
Nem só de cibersegurança será feita a Semana da Formação Financeira que hoje começa. A iniciativa, que anualmente é promovida pelos supervisores financeiros (Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e pelos parceiros do Plano Nacional de Formação Financeira, entre os quais a APB, tem por objetivo sensibilizar a população para a importância da formação financeira.
Por isso, as atividades realizadas são dirigidas a diferentes públicos-alvo, nomeadamente alunos de todas idades, professores e outros formadores, gestores de micro e pequenas empresas, seniores, grupos vulneráveis, jogadores de futebol, psicólogos e população em geral.
A APB é parceira do Plano Nacional de Formação Financeira que, desde que foi criado, em 2011, constituiu um Grupo de Trabalho interno dedicado ao tema e que tem vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas visando o aumento dos níveis de literacia financeira em Portugal. Um dos seus principais alvos tem sido os jovens em idade escolar.
"É um tema que eu considero que é fundamental para a preparação da sociedade que vem a seguir", afirma Fátima Rodrigues. E conta histórias que se passaram consigo, enquanto professora de Cidadania e Geografia lecionando literacia financeira, que deram outra perspetiva aos alunos de todas as idades.
"É possível desenvolver atividades ligadas a simulação, fazer role play de situações de gestão de orçamentos", diz, "até para eles se conseguirem colocar no papel dos pais e verem muitas vezes as dificuldades do que é a gestão do orçamento familiar, das quantidades: acham que compram uma caixa de cereais ou um frango e dá para o mês ou para uma semana para uma família inteira".
Também é lançado o desafio de fazerem compras e irem ver quanto custa o quilo e não a unidade e, conta Fátima, é engraçado ver como os jovens, "depois de perceberem como funciona, já fazem escolhas diferentes das iniciais, porque afinal o que escolheram não era o mais económico ou o mais competitivo".
Com o apoio e os materiais fornecidos pela APB, Fátima Rodrigues também costuma ajudá-los a compreender a inflação, a criar poupanças e, às tantas, já são eles que perguntam "o que é o salário bruto, o salário líquido, qual é a diferença?"
Por tudo isto, diz Fátima Rodrigues, "o projeto Educação Financeira da APB é fundamental pelas oportunidades que dá as crianças, pelos materiais que disponibiliza aos professores, pela oportunidade até de contacto entre várias escolas".