Negócios imobiliários levam autoridades à Altice

Sede do operador em Lisboa e quinta no norte do acionista português Armando Pereira, foram alvo de buscas.
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A sede da Altice Portugal, em Lisboa, foi ontem alvo de buscas na sequência de uma investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP) e da Autoridade Tributária. Em causa estão suspeitas de corrupção, fraude fiscal agravada, falsificação e branqueamento, envolvendo altos dirigentes da telecom, incluindo Armando Pereira, o acionista português do grupo Altice.

Fonte oficial da empresa apenas confirmou ao Dinheiro Vivo (DV) que a telecom "foi uma das empresas objeto de buscas pelas autoridades", na sequência de um mandado do MP, e garantiu, ontem, que o operador "encontra-se a prestar toda a colaboração que lhe é solicitada".

Contactada, fonte oficial da Procuradoria-Geral da República remeteu explicações para uma nota no site do DCIAP, que, sem identificar empresas e gestores, confirmou a realização de "várias dezenas de buscas domiciliárias e não-domiciliárias em diversas zonas do país, designadamente em Lisboa", no âmbito de um inquérito dirigido pelo DCIAP e coadjuvado pela Autoridade Tributária e Aduaneira. No entanto, a nota não esclarecia que factos motivaram as buscas.

Segundo a CNN Portugal, que noticiou primeiro a operação, um dos visados é Armando Pereira. A quinta no Gerês, propriedade do português em Guilhofrei (Braga) também foi alvo de buscas. Em causa, segundo o canal, está a simulação de negócios e a ocultação de proveitos na venda de património imobiliário da antiga PT.

Um dos focos terá sido a alienação de quatro edifícios em Lisboa por 15 milhões de euros, envolvendo um circuito empresarial com ligações a Braga, à Zona Franca da Madeira e ao Dubai. Estes negócios terão passado também por Hernâni Antunes, reconhecido parceiro de negócios de Armando Pereira.

Em março de 2021, já a revista Sábado noticiara quatro negócios imobiliários envolvendo a Altice, Armando Pereira, Hernâni Antunes e Alexandre Fonseca (então CEO da telecom), precisamente, no valor de 15 milhões de euros.

Diferentes fontes do setor das telecomunicações ouvidas pelo DV, e que não quiseram ser identificadas, avançaram que Hernâni Antunes é conhecido pela alcunha de "o comissionista". As mesmas fontes descreveram Armando Pereira como um gestor discreto. Não obstante, não se mostraram surpreendidas com o sucedido ao afirmarem que o perfil de gestão do empresário passa por criar uma complexa "teia" de "empresas laterais" para realizar negócios com a empresa de telecomunicações.

De acordo com o jornal Correio da Manhã, as buscas ocorreram ontem porque as autoridades quiseram aproveitar a vinda a Portugal, para férias, de Armando Pereira, que reside em França. O mesmo jornal escreveu que também a casa de Hernâni Antunes foi alvo de buscas, notando que a investigação dura há cerca de quatro anos.

Segundo avançou o semanário Nascer do Sol, também houve buscas no Porto, em Viana do Castelo, em Aveiro, em Vila Real, em Faro e no Funchal, dando conta que o processo terá tido origem na Operação Monte Branco e que poderá, também, estender-se à investigação de alegadas comissões relacionadas com a venda dos direitos de transmissão televisiva do Futebol Clube do Porto à dona da Meo.

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