O ministro das Finanças defendeu esta segunda-feira que o Governo não pode adotar políticas expansionistas, erradas no atual contexto de inflação elevada, e defendeu cooperação entre políticas fiscal e monetária, em que bancos centrais e Governos fazem o seu respetivo trabalho.."Não podemos ter políticas expansionistas, porque isso seria errado neste momento", defendeu o ministro das Finanças, durante a participação na conferência promovida para assinalar o primeiro aniversário da CNN Portugal, onde falou com o jornalista Pedro Santos Guerreiro sobre "Uma política orçamental sustentável para a União Europeia"..Questionado sobre a subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), para responder à escalada da inflação, Medina admitiu que "em momentos de subida de taxas de juro, acaba por haver sempre tensões", mas defendeu uma "abordagem cooperativa entre política fiscal e monetária" como forma de obter melhores resultados para a economia e para o emprego.."Eu contrapunha essa estratégia do passa culpas - um Governo passa a culpa ao banco central, o banco central passa a culpa aos Governos - [...] eu tenho uma proposta alternativa, que também não tem nada de inovador, que é haver mesmo coordenação de políticas, que é cada um fazer a sua parte", defendeu o governante..Relativamente à parte que ao Governo compete, Fernando Medina vincou que a política orçamental "não é expansionista", mas também "não é de contração".."É uma política que tenta ser neutra. Nós procuramos não contribuir para a contração da economia, [...] mas o Estado também não pode ser um elemento acelerador de um processo inflacionário, esse sim já com raízes internas. [...] É isso que eu acho que é cumprir a nossa parte", referiu o ministro..Questionado sobre as dificuldades que estão a sentir os titulares de créditos à habitação, Fernando Medina disse estar "preocupado", embora tenha ressalvado que "o problema está mais concentrado nos créditos mais recentes, onde a dimensão de juro é ainda muito significativa" e que o 'stock' de crédito no país "é mais envelhecido do que era há uns anos", ou seja, menos exposto aos juros..O ministro das Finanças reiterou, ainda, que, no final do ano, Portugal vai atingir uma dívida de 115% do produto interno bruto (PIB), admitindo que o legado que quer deixar enquanto governante é o de contribuir para que "a dívida do Estado deixe de ser um problema para os agentes económicos, para as famílias no seu financiamento [...] e que a dívida pública passe a ser um ativo nas condições de financiamento da economia"..Quanto à execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Medina explicou que quando se trata de verbas para investimento, "é preciso fazer estudos, projetos, concursos" e defendeu que, apesar de serem procedimentos que não podem ser dispensados numa sociedade democrática, tem de se "avaliar se são proporcionais".