Medina saúda "mensagem importante" do BCE sobre taxas de juro

Fernando Medina rejeitou que as taxas de juro ascendam aos níveis anteriormente registados, uma vez que "nem seria hoje permitido pelo BCE".
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O ministro das Finanças elogiou esta quinta-feira a "mensagem importante num momento importante" do Banco Central Europeu (BCE), um dia após o anúncio sobre um novo instrumento anti-fragmentação das taxas de juro paralelo à normalização da política monetária.

"Foi uma mensagem importante num momento importante e esperamos que ela tenha esses efeitos e que medidas adicionais venham a produzir esse efeito, que é o de não permitir que as taxas se comecem a afastar muitos das outras, porque, aliás, isso comprometeria a própria eficácia da política monetária do BCE", declarou Fernando Medina.

Falando aos jornalistas portugueses à entrada para a reunião do Eurogrupo, no Luxemburgo, o governante rejeitou que as taxas de juro ascendam aos níveis registados "antes da grande mudança na política monetária europeia que Mario Draghi [anterior presidente do BCE] protagonizou e que, de facto, mudou o perfil da política monetária".

"São taxas feitas antes do longo caminho que a Europa já progrediu desde essa altura, que levou à criação do Mecanismo Europeu de Estabilidade, [...] à política do banco no Banco Central Europeu, aos instrumentos de compra de dívida do BCE", que são "ativos que hoje a União Europeia já tem no seu arsenal de dezenas de munições", elencou Fernando Medina.

Por isso, "o regresso a essas taxas é algo que não está no horizonte, nem seria hoje permitido pelo BCE", vincou, antes de a presidente do BCE, Christine Lagarde, informar os ministros das Finanças do euro sobre as últimas decisões de política monetária.

Na quarta-feira, o BCE anunciou que iria "acelerar" o projeto de um novo instrumento "anti-fragmentação" para impedir um afastamento muito grande entre as taxas de juro dos países do norte e os do sul na zona euro.

Ao mesmo tempo, o BCE prometeu "flexibilidade" na sua política monetária para acalmar a tensão no mercado de dívida, após uma reunião de emergência do Conselho de Governadores.

A tensão nos mercados aumentou particularmente depois de o BCE ter anunciado, na semana passada, que vai subir as taxas de juro em julho, a primeira subida em 11 anos, depois de ter concluído as compras líquidas de dívida pública e privada, o que levou a uma subida dos juros da dívida de alguns países, com a Itália a ser apontada como particularmente afetada.

"Creio hoje que todos percebem a credibilidade que Portugal tem [...] pelo facto de dar sinais muito fortes na redução da dívida", que é "importante para podermos lidar num momento em que as taxas estão a seguir o caminho da subida", adiantou Fernando Medina.

Nas declarações à imprensa, o ministro das Finanças foi ainda questionado sobre as previsões do Banco de Portugal (BdP) divulgadas na quarta-feira, afirmando ficar sempre "satisfeito" perante "revisões em alta relativamente ao crescimento económico".

O BdP prevê que a economia portuguesa cresça 6,3% este ano, acima dos 4,9% previstos anteriormente, apontando para expansões de 2,6% em 2023 e de 2% em 2024, segundo o Boletim Económico divulgado na quarta-feira.

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