Medina diz que crescimento do PIB de 6,7% dá "mais confiança" para desempenho de 2023

"O fecho do ano de 2022 sem recessão, sem queda da economia significa que teremos mais capacidade para podermos cumprir os objetivos relativamente ao ano de 2023", afirmou o responsável pela pasta das Finanças.

O ministro das Finanças disse esta terça-feira que o crescimento de 6,7% em 2022, o maior em 35 anos, dá confiança sobre o andamento da economia este ano, admitindo que os resultados sejam melhores do que os projetados.

Em declarações à Lusa, Fernando Medina afirmou que os dados de crescimento dão "mais confiança relativamente ao andamento do ano de 2023".

O Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 6,7% em 2022, acima dos 6,5% previstos no Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), revelou esta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

No quarto trimestre de 2022, o PIB cresceu 3,1% em termos homólogos (desacelerando face aos 4,9% do terceiro trimestre) e 0,2% em cadeia (0,4% no trimestre anterior).

"O fecho do ano de 2022 sem recessão, sem queda da economia significa que teremos mais capacidade para podermos cumprir os objetivos relativamente ao ano de 2023", disse o ministro.

Destacando que em 2022 se registou "o maior crescimento económico em 35 anos", Fernando Medina recordou que Portugal é uma das seis economias das 12 da zona euro que já divulgaram resultados que apresenta resultados positivos.

"Significa isto que, na comparação internacional, nós fecharemos o ano de 2022 com uma taxa de crescimento que será sensivelmente o dobro do que se regista na zona euro, colocará Portugal como um país que no final de 2022 já recuperou bem dos níveis pré-pandemia. Por isso, estamos 2,6% acima dos níveis da pandemia de 2019, o que não acontece com outros países", salientou.

Escusando-se a antecipar uma nova projeção para 2023, o governante admitiu que o Governo irá atualizar as projeções no Programa de Estabilidade: "Só nessa altura iremos fazer novas avaliações relativamente ao que será o andamento da economia portuguesa", disse.

"Estes dados que saíram de 2022 dão-nos confiança de que os resultados em 2023 sejam melhores do que as nossas projeções. Isso é um dado muito importante neste momento. Passos seguros, passos consistente", afirmou.

Fernando Medina destacou ainda os dados da execução orçamental divulgados na sexta-feira passada, considerando que "demonstram que estamos no bom caminho para fecharmos o ano de 2022 dentro das metas".

Isto é, segundo o governante, "um défice dentro do patamar 1,5%, abaixo de 1,5% do Produto [Interno Bruto], e uma dívida pública de 115% do Produto", o que, diz, "também é um elemento de confiança no país e fundamentalmente um elemento que nos dá mais capacidade para podermos responder às necessidades das famílias e empresas".

"Aliás, foi esta capacidade orçamental de resposta de apoio às famílias e ao tecido económico que também justifica os indicadores do produto no último trimestre do ano", defendeu, apontando para "um apoio importante e um papel importante na estabilização da procura interna no último trimestre e nesse desempenho da procura interna".

"Essa política orçamental foi possível porque tivemos uma política relativamente às contas públicas que nos permitiu ter a margem para transferir para as famílias mais do que foi o acréscimo das receitas de IVA. Transferimos para as famílias, para o sistema económico a totalidade da receita fiscal, que o Estado arrecadou face ao que tínhamos orçamentado e essa transferência teve um impacto significativo", explicou o governante.

Medina diz que Governo acompanha de forma "atenta" inflação dos produtos alimentares

O ministro das Finanças admitiu que a taxa de inflação dos produtos alimentares não transformados é uma "fonte de atenção", mas descarta para já novas medidas de apoio, apesar de garantir acompanhar de forma "rigorosa" a evolução da economia.

A taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) abrandou para 8,3% em janeiro, face aos 9,6% de dezembro, segundo a estimativa rápida avançada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os dados revelam que se registou abrandamento em todos os agregados, como a inflação dos produtos energéticos, à exceção do índice referente aos produtos alimentares não transformados, que terá acelerado para uma variação de 18,5%, face a 17,6% em dezembro.

"É um processo de descida que esperamos que se possa iniciar, ocorrerá de uma forma mais tardia do que as outras componentes. É naturalmente uma fonte de atenção, na medida em que as famílias estão em primeira linha confrontadas com os produtos alimentares, que todas têm necessidade de consumir", afirmou o governante.

Fernando Medina recordou que esta é "talvez a última componente que nos falta para iniciar a trajetória de descida" para que "a descida do indicador global seja ainda mais significativa".

Questionado sobre se poderão ser tomadas medidas neste âmbito, o ministro considerou ser "cedo para antecipar iniciativas fora do quadro do Orçamento", recordando que existe "um conjunto de medidas que vai agora entrar em vigor".

"Obviamente que vamos acompanhando de forma muito fina, muito atenta, muito rigorosa qual é o andamento da economia portuguesa, porque é precisamente esse olhar muito atento e capacidade muito rápida de podermos tomar as medidas necessárias que apoia as famílias quando é mais necessário, mas depois também apoia o conjunto da economia", disse.

Destacou ainda que a taxa de inflação caiu em janeiro pelo terceiro mês consecutivo, mas admitiu que os atuais valores ainda são elevados, o que "se traduz num desafio para a economia portuguesa, para as famílias portuguesas, para as empresas portuguesas".

"Este sinal do terceiro mês de queda da inflação é um sinal particularmente importante, porque inverte uma tendência de crescimento sistemático do crescimento da inflação, que foi a aquilo que assistimos desde meados de 2021 e durante o ano de 2022 e dá-nos alguma confiança que esta trajetória de redução de inflação se prolongue e seja efetiva ao longo do ano de 2023", realçou.

Ainda assim, recordou que "a inflação diminuir não significa que os preços caiam, significa que aumentarão menos do que estavam a aumentar".

Notícia atualizada às 14:06

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