Medina avisa: "Choque de preços continuará a marcar a vida de todos"

O ministro das Finanças advertiu ainda que as últimas previsões antecipam uma descida da inflação em 2023, colocando-a em níveis ainda elevados, entre os 4% e os 5,8%.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, afirmou esta sexta-feira que o choque de preços continuará a marcar a vida de todos, uma vez que, apesar de se prever uma redução no próximo ano, a inflação continuará elevada.

"A inflação é uma das variáveis mais difíceis de antecipar, mas é seguro afirmar que o choque de preços continuará a marcar a vida de todos", disse Fernando Medina durante uma audição na Comissão de Orçamento e Finanças, no parlamento, no âmbito da discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023).

O ministro das Finanças assinalou que as últimas previsões antecipam uma descida da inflação em 2023, colocando-a em níveis ainda elevados, entre os 4% e os 5,8%.

"Vários indicadores apontam para reduções de preços de transportes e matérias-primas nos mercados internacionais, que terão certamente impactos estruturais na formação dos níveis de preços, sendo ainda cedo a avaliação dos seus impactos", apontou.

Fernando Medina destacou ainda que os bancos centrais deverão prosseguir a subida das taxas de juros.

"Nas previsões disponíveis de mercado, poderão subi-las [as taxas de juro] ainda em 2023, colocando-as no valor mais elevado em vários anos. Este é um desafio que convoca Estado, bancos, famílias e empresas a um novo contexto da política monetária no qual teremos que viver", vincou.

Ainda assim, o ministro da tutela, perante os dados disponíveis, acredita que Portugal "está em condições de voltar a ter em 2023 uma economia com melhor desempenho entre as economias europeias".

Diferença deve-se a maior pessimismo de Bruxelas para procura externa líquida

O ministro das Finanças disse esta sexta-feira que as diferenças de previsões de crescimento entre o Governo e a Comissão Europeia para o próximo ano resultam de uma posição mais pessimista do executivo comunitário para a procura externa líquida.

A posição de Fernando Medina foi transmitida durante uma audição na Comissão de Orçamento e Finanças, no parlamento, no âmbito da discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2023, quando questionado pela deputada da Iniciativa Liberal Carla Castro sobre as previsões divulgadas esta sexta-feira por Bruxelas.

Fernando Medina explicou que a diferença de 0,7 pontos percentuais (p.p.) entre as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Comissão Europeia, divulgadas esta sexta-feira, e do Governo "resultam da diferença da procura externa líquida dirigida à economia portuguesa".

O ministro da tutela sublinhou que tal resulta de uma "visão mais pessimista da Comissão Europeia do impacto externo" e destacou que o executivo português, por seu lado, tem verificado que o setor exportador "se tem aguentado".

A Comissão Europeia reviu esta sexta-feira em ligeira alta o crescimento do PIB português para este ano, para 6,6%, mas antecipa que em 2023 cresça somente 0,7%, muito abaixo das suas anteriores projeções e do que as de Lisboa, que espera um crescimento do PIB português de 1,3%.

Ainda em resposta à deputada da Iniciativa Liberal, Fernando Medina sustentou que a Comissão Europeia estima que Portugal continuará a crescer em 2023 e acima da zona euro, com, disse, "um diferencial maior do que aquele que já teve".

Medina apontou ainda que a Comissão Europeia prevê que a taxa de desemprego em Portugal se mantenha estável, naquele que classificou como um "elemento da maior importância económica e social para 2023", e a previsão de redução do peso da dívida pública.

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