Mais navios e mais turistas: cruzeiros em Lisboa sobem 60%
Julho foi um mês de viragem para o Porto de Lisboa. Com 24 navios a passar pelas suas docas, a capital conseguiu um aumento de 60% em relação ao período homólogo. Em termos de passageiros, também se verificou uma subida, ainda que menor (13,7%). No total, foram mais de 45 mil passageiros a desembarcar em Lisboa, a maioria em trânsito. Em turnaround (início ou fim da viagem na cidade), que é o segmento com mais potencial de receita, foram 4639.
Feitas as contas, o acumulado dos primeiros sete meses - período durante o qual passaram 153 navios pela cidade -, a variação positiva é de 2%, impulsionada pelos resultados de julho. Já em Leixões, os resultados foram bastante diferentes. Nos primeiros sete meses, a quebra foi grande. Por ali passaram 38 970 passageiros: 383 embarcados (-80% do que no período homólogo), 272 desembarcados (-57%) e 38 315 em trânsito (-15%). Mas com o início da época de cruzeiros neste mês, segundo as previsões da administração portuária, o primeiro ano do novo terminal de cruzeiros deverá encerrar com uma variação menos acentuada de passageiros em trânsito (-3%, num total de pouco mais de 76 mil pessoas).
"Em agosto tivemos dez navios, cerca de 10 500 passageiros. Em setembro prevemos 17 navios, o que corresponderá a 18 mil passageiros em trânsito. Até ao final do ano, ainda prevemos receber cerca de 32 navios, o que corresponderá a cerca de 33 mil passageiros", contabiliza fonte da Administração do Porto de Leixões. Um valor muito distante dos 126 500 previstos para 2018 no estudo de viabilidade do terminal de cruzeiros, que só poderá ser atingido se Leixões crescer 66% em dois anos. No ano passado, passaram por Leixões 78 500 passageiros, mais 22% do que em 2014.
A quebra deste ano é explicada pela "tendência geral dos portos desta região da Europa para diminuírem ligeiramente, ou manterem os valores de operação de cruzeiro".
2015 foi ano benéfico
De facto, Lisboa só em julho conseguiu inverter a curva e recuperar das variações negativas, mas neste momento (números de julho) já está a caminho de melhorar os números do ano passado. Segundo relatório recente da Cruise Lines International Association (CLIA) Europe, 2015 foi particularmente benéfico para Portugal.
As receitas diretas da indústria de cruzeiros marítimos cresceram 23,8% em Portugal no ano passado, para 239 milhões de euros, enquanto as receitas indiretas, que incluem salários e serviços à indústria, desde a reparação naval à hospitalidade, aumentaram 25%, para 135 milhões de euros, refletindo-se o aumento de atividade na criação de emprego (+20%). Mais de 9600 portugueses têm empregos ligados à indústria.
Estes aumentos de receitas diretas e indiretas são superiores ao aumento de passageiros desembarcados em Portugal (+15,6%) e só são superados pelo aumento de cruzeiristas que embarcaram no país: 36 mil, mais 50,6% do que em 2014. Com esta evolução, Portugal conquistou alguma quota de mercado nos cruzeiros com início no país, passando de 3,8% em 2014 para 4,1% em 2015.
O ano de 2015 continuou a ser um ano de crescimento, destacou Pierfrancesco Vago, chairman da CLIA Europe e chairman executivo da MSC Cruises. "No ano passado, o impacto económico total da indústria dos cruzeiros [na Europa] atingiu 40,95 mil milhões de euros, mais 2% do que no ano anterior, incluindo 16,89 mil milhões de euros de gastos diretos das companhias de cruzeiros", sublinhou o responsável. "Em 2015, a indústria foi responsável por mais de 360 mil empregos europeus, mais dez mil do que no ano anterior, dando origem a mais de 11 mil milhões de euros em salários pagos", acrescentou.