Mais de 80% das PME espera manter ou aumentar a faturação em 2023
Apesar dos desafios que se avistam já na economia para o próximo ano, com a escalada da inflação e a subida das taxas de juro a dominar, as empresas do país estão otimistas. Um estudo desenvolvido pela COSEC - Companhia de Seguro de Créditos revela que 48,8% das pequenas e médias empresas (PME) inquiridas espera manter o nível de faturação nos próximos doze meses e 32% estima até aumentar em 25%. Apenas uma pequena fatia dos 521 participantes, 5%, tem esperança de faturar além desta baliza. Por outro lado, e com uma visão menos otimista, estão 13% dos inquiridos, que antecipam quebras na faturação até 25%.
Na atual conjuntura, pautada pelo conflito armado na Ucrânia e pela subida dos custos energéticos, encontram-se os principais motivos de preocupação relativos aos próximos seis meses. As empresas apontam ainda os constrangimentos ao nível da logística para o transporte dos produtos como um dos desafios na operação. "O clima económico em Portugal, e no resto da zona euro, é de alguma incerteza. A elevada taxa de inflação que assola o Velho Continente e as subidas das taxas de juro são alguns dos focos de incerteza e de preocupação para as empresas. Não é assim de estranhar que a maioria das empresas inquiridas se mostre moderadamente otimista ou moderadamente pessimista quanto às perspetivas para o seu negócio em 2023", justifica Vassili Christidis, CEO da seguradora.
Os dados revelados pelo Observatório COSEC de Risco Empresarial adiantam ainda que na hora de vender para fora de portas a União Europeia é a preferida. A liderar a lista dos principais destinos das exportações portuguesas estão Espanha, França, Alemanha e o Reino Unido. Do outro lado do Atlântico, também o mercado norte-americano está a ganhar peso para as empresas portuguesas que vendem para o estrangeiro.
Pagamento dos créditos mantém-se estável
A especialista em seguros detalha ainda que a maioria das PME (79%) vende a crédito. E mesmo com a economia a dar já sinais de retração, os consumidores continuam a cumprir as obrigações de pagamento. 66% das companhias inquiridas dizem não ter registado qualquer falha nos últimos seis meses e 64% reconhecem que a evolução do prazo médio de pagamento se manteve neste período.
Apesar da elevada taxa de venda a crédito, não faz parte dos hábitos deste tecido empresarial a contratação de seguros para salvaguardar cenários menos otimistas. "Ainda que a maioria das mais de 500 empresas que responderam ao Observatório realize vendas a crédito, menos de 20% assumem ter contratualizado seguros de crédito. E apontam sobretudo dois motivos para isso: por um lado, utilizam outras entidades e ferramentas para diminuir riscos, por outro, o seguro de crédito não é uma prioridade para a empresa", adianta a COSEC. A seguradora de crédito explica que, para a maioria, as medidas de controlo do risco "são levadas a cabo através de análises dos respetivos departamentos financeiros, o que pode significar que optam por não vender em geografias com risco mais elevado".
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