Maioria dos cartões de crédito cobra juros máximos
Apenas três em cada 10 cartões de crédito não cobram a taxa de juro mais alta autorizada pelo Banco de Portugal. A maioria, 71% dos cartões existentes no mercado, cobra os juros máximos permitidos, aplicando uma taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) de 15,3%. Além disso, a maior parte dos cartões de crédito ainda exige uma anuidade aos clientes e metade a chamada taxa de gasolineira (por cada transação numa estação de serviço). Estas são algumas das conclusões de um estudo da plataforma ComparaJá.pt.
"Atendendo a que o limite máximo imposto pelo Banco de Portugal para as taxas de juro no presente trimestre é de 15,3%, esta análise evidencia que a grande maioria dos bancos está a aplicar uma TAEG no limite máximo, ou muito próximo desse teto, isto mesmo quando cobram uma anuidade ao cliente", disse José Figueiredo, presidente executivo do
Segundo o estudo, dos 78 cartões de crédito existentes no mercado português, apenas 30 não cobram qualquer anuidade aos clientes. O custo anual de deter um cartão de crédito pode mesmo chegar aos 50 euros, em 17% dos cartões comercializados em Portugal.
Também sete em 10 cartões cobram taxa de gasolineira, com a maioria a cobrar uma taxa de 50 cêntimos aos clientes. Esta taxa é cobrada sempre que os clientes recorrem ao cartão de crédito para fazer pagamentos em postos de abastecimento de combustível.
Os custos com o crédito ao consumo vão aumentar em 2021, alertou ontem a ASFAC-Associação de Instituições de Crédito Especializado. O alerta surgiu na sequência da proposta de Orçamento do Estado para 2021. A proposta contempla um novo agravamento de 50% do Imposto do Selo no crédito ao consumo.
Segundo a associação, a medida "não contribuirá para impedir ou reduzir o endividamento das famílias". "Os consumidores que recorrem à contratação de um crédito ao consumo fazem-no por necessidade, como se pode verificar pela prevalência da contratação de crédito automóvel", salientou a representante das empresas de crédito.
A ASFAC alertou ainda que, "tendo em conta que um dos objetivos do governo com este Orçamento é o estímulo ao consumo", o agravamento "parece ser contraproducente, pois prejudica os consumidores e debilita a economia".