Maior excedente público trimestral da democracia desaparece daqui a uma semana
No terceiro trimestre deste ano, as contas públicas portuguesas registaram um excedente histórico em democracia e o maior desde que o país aderiu ao euro. Mas no último trimestre deste ano, esse saldo positivo, medido em contabilidade nacional (métrica que depois é reportada a Bruxelas e é observada na avaliação à luz do Pacto de Estabilidade), já deve desaparecer totalmente, dando lugar a um novo défice trimestral, que superará os 2,2% do produto interno bruto (PIB), com base em dados novos do INE.
Assim é porque, entretanto, a grave crise inflacionista já começa a prejudicar a economia e os apoios públicos de grande magnitude às famílias e empresas a pagamento desde outubro já se encontram refletidos na despesa pública deste final de ano.
Com a inflação muito alta e um pico na faturação de muitas empresas, que conseguiram dilatar as suas margens e rendas, as contas públicas acabaram por insuflar de forma inédita no período de julho a setembro por via de uma maior coleta de receita de impostos e contribuições.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), ontem divulgados, e com base em cálculos do Dinheiro Vivo, no terceiro trimestre deste ano, o excedente público entregue pelo Ministério das Finanças de Fernando Medina atingiu um máximo da democracia e das séries oficiais (que remontam ao início de 1999), na ordem dos 6,8% do PIB, cerca de 4,2 mil milhões de euros, segundo o instituto.