Investimento volta a crescer mais do que consumo privado

O governo afirma que no cenário macroeconómico, o investimento "permitirá amortecer, em parte, a desaceleração do consumo privado, de 5,4% em 2022 para 0,7% em 2023, num contexto de estabilização da taxa de poupança em níveis inferiores à sua média histórica".
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O investimento deverá voltar a crescer acima do consumo privado no próximo ano, invertendo o cenário esperado para este ano, que quebrou a tendência registada nos últimos anos.

No cenário macroeconómico subjacente à proposta do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), entregue no parlamento, o Governo espera que o investimento cresça 3,6% e o consumo privado 0,7%.

Este cenário representa uma inversão do esperado para este ano, para o qual prevê uma taxa de crescimento do consumo privado de 5,4%, contra uma taxa de 2,9% do investimento.

"Em 2023, o crescimento assentará num maior dinamismo do investimento (3,6%), onde pontuará uma mais forte efetivação dos investimentos previstos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)", lê-se no documento, que assinala que, "ainda assim, o crescimento do investimento empresarial será impactado pelo aumento da incerteza, pelo aumento dos custos de financiamento e pelo impacto continuado das restrições nas cadeias de produção e distribuição globais nos custos e oferta de materiais e equipamento".

O executivo enfatiza que "esta alavanca da atividade permitirá amortecer, em parte, a desaceleração do consumo privado, de 5,4% em 2022 para 0,7% em 2023, num contexto de estabilização da taxa de poupança em níveis inferiores à sua média histórica".

Em 2022, ao contrário de 2021, a taxa do crescimento do consumo privado é maior do que a do investimento.

Ainda assim o executivo revela-se mais otimista do que o Banco de Portugal (BdP), que estima um crescimento do consumo privado de 5,5% e da formação bruta de capital fixo de 0,8%.

O alerta sobre esta evolução tem sido feito pelo governador do BdP, Mário Centeno, que salientou recentemente que "nas estatísticas de 2022 será o primeiro ano, depois de muitos anos em que o consumo privado cresce mais do que investimento".

"Esta é obviamente uma preocupação para o futuro", disse o ex-ministro das Finanças, na conferência "O Impacto da Nova Ordem Mundial na Economia Europeia", organizada pelo ECO, no final de setembro.

O responsável do supervisor bancário assinalou que "o investimento é aquilo que gera rendimento no futuro".

"Temos desde 2014 um processo muito positivo, quase exclusivamente positivo, de mais crescimento do investimento em Portugal do que do consumo privado", frisou, na altura, salientando que "o crescimento acumulado do investimento neste período foi 27 pontos percentuais (p.p.) superior ao do consumo" e dando nota de que "há muito poucos países na Europa que têm este tipo de indicadores".

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