Vêm aí novas greves: Fisco parado quinta, Saúde dois dias

Serviços das finanças do continente e da Madeira fecham todo o dia. Hospitais com constrangimentos de hoje até sexta-feira.
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A Associação Sindical dos Profissionais da Inspeção Tributária e Aduaneira (APIT) saiu hoje insatisfeita de uma reunião com o governo, para negociar a revisão das carreiras especiais da Autoridade Tributária, mantendo a greve agendada para quinta-feira. "Não houve recetividade nenhuma às nossas propostas", afirmou à Lusa o presidente da APIT, Nuno Barroso, explicando que a associação sindical pretendia obter um compromisso na reunião de hoje, na Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, mas que o governo apenas fez "promessas de resolver em breve" as reivindicações dos trabalhadores dos impostos. "Há funcionários há mais de 10 anos parados na carreira", salientou Nuno Barroso, explicando que se mantém a greve dos trabalhadores dos impostos agendada para o dia 27 de junho, entre as 00:00 e as 24:00.

A associação considera que o anteprojeto de decreto-lei que estabelece a revisão das carreiras especiais da Autoridade Tributária e Aduaneira, apresentado pelo governo, persiste nos "mesmos erros e omissões" e reduz a AT a uma versão low-cost, em que o esforço e o trabalho dos profissionais "perde força legal por passarem a ser regidos por um enquadramento legal de carreiras extremamente prejudicial". Segundo o pré-aviso de greve, emitido pela APIT, o protesto abrange "todos os serviços dependentes da Autoridade Tributária e Aduaneira" e do Fisco da Madeira, decorrendo entre as 00:00 e as 24:00 de quinta-feira, estando ainda prevista uma manifestação pelas 12:00 junto ao Ministério das Finanças. As carreiras já motivaram já em dezembro uma greve de três dias e outra a 29 de março.

Saúde parada quinta e sexta-feira

"Determinados em lutar para melhorar as suas condições de trabalho, fazer o governo cumprir as promessas que fez, inverter o caminho da descentralização e reverter o modelo de Gestão E.P.E., o caminho terá de ser o da luta", esclarece o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas. É a justificação para a paralisação marcada para sexta-feira.

"Esperamos que possa haver condições para os descongelamentos das progressões para os contratos individuais de trabalho. Depois de termos reunido comissões paritárias, pelo menos ficamos com a ideia de que não há caminho marcado para fazer no futuro e daí a greve do dia 28", explicou José Abraão, lamentando a falta de uma "resposta clara e objetiva" da tutela. A necessidade do acordo coletivo trabalho para os técnicos superiores de saúde foi outra das matérias abordadas na reunião que os sindicatos tiveram hoje com a ministra da Saúde, com os sindicatos a defenderem que, depois de se ter feito o mesmo para as carreiras gerais, seria justo que o mesmo acontecesse para aqueles profissionais.

Já hoje e amanhã, é a vez da paralisação dos trabalhadores de limpeza do Centro Hospitalar Universitário de São João, para reivindicar um aumento do subsídio de alimentação de 1,85 euros para 3,50 euros por dia.

Cultura mantém-se em greve com reposição das 40 horas

A partir de dia 1, os trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado voltarão às 40 horas semanais, numa uniformização laboral com os trabalhadores do Teatro Nacional de São Carlos, anunciou hoje a secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, levando o sindicato Cena-STE a lamentar a falta de abertura do governo para negociar e a anunciar que os trabalhadores irão manter-se em greve, estando ainda a ser ponderadas novas formas de luta e um pedido de audiência ao primeiro-ministro.

O sindicato exige uma harmonização salarial para que os trabalhadores do São Carlos não sejam prejudicados e recebam o mesmo que os da CNB. No entender do sindicato, a reposição das 40 horas semanais é "uma decisão política do governo", "intransigente" e um "ataque aos direitos dos trabalhadores da CNB que conseguiram, depois de muito esforço e negociação, passar das 40 para as 35 horas".

As greves da Companhia Nacional de Bailado e do São Carlos levaram já ao cancelamento de três récitas da ópera La Bohème, em junho. Os trabalhadores farão ainda greve à estreia do espetáculo de dança Nós como Futuro, de Daniel Gorjão, na quinta-feira, e nas apresentações seguintes, até sábado, no Teatro Camões, em Lisboa. Deverão ser ainda afetados os espetáculos Dom Quixote, entre 11 e 13 de julho, no Teatro Rivoli, no Porto, 15 Bailarinos e Tempo Incerto, a 17 e 18 de julho, no Teatro Municipal Joaquim Benite, no âmbito do 36.º Festival de Almada, e os espetáculos incluídos no Festival ao Largo, que decorre de 5 a 27 de julho, em Lisboa.

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