Turismo quer novo centro de congressos em Lisboa

O Turismo de Portugal conseguiu trazer, neste ano, 130 eventos para o país, metade dos quais ainda se vão realizar. Numa altura em que a expansão da FIL parece ser uma incógnita, Lisboa vê com bons olhos a construção de um novo espaço.
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A Associação de Turismo de Lisboa (ATL) espera que se realizem neste ano na capital 250 eventos, "a maioria para mais de 500 pessoas". Mas para que Lisboa mantenha a sua "boa reputação internacional", o organismo máximo do turismo da capital apela à criação de um novo centro de congressos que permita dar resposta a eventos como a Web Summit... mas não só. No ano passado, só a maior conferência de tecnologia e empreendedorismo trouxe a Lisboa 70 mil pessoas.

"O que pode melhorar a boa reputação internacional e resultados de Lisboa no segmento de Turismo de Negócios é a criação de um espaço apto a receber médios e grandes eventos", explicou ao DN/Dinheiro Vivo Paula Oliveira, diretora executiva da Associação de Turismo de Lisboa.

É a primeira vez que a ATL admite que pode haver um novo espaço para receber grandes eventos na capital, numa altura em que é claro que há visões divergentes entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Fundação AIP, dona da FIL, para a expansão da Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações.

Para que a Web Summit fique em Lisboa até 2028 foi acordado entre as autoridades nacionais e a organização que a cidade iria ter mais espaço para eventos. Ficou claro, em outubro de 2018, aquando do anúncio, que mais espaço iria traduzir-se na expansão da FIL, no Parque das Nações. A primeira fase, de acordo com informação a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso, deveria estar concluída em outubro. Uma das cláusulas do acordo assinado indica que a autarquia liderada por Fernando Medina tem de garantir que a Fundação AIP fará a ampliação do local do evento.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, ao que foi possível apurar, está ativamente envolvido na busca de uma solução que pode passar pela construção de um centro de congressos noutro local. A foz do rio Trancão é um dos locais em cima da mesa, noticiou o Expresso, mas o setor também fala de uma zona mais central, como a ala norte do Parque Eduardo VII, que tem maior resposta ao nível dos transportes e até de alojamento para os visitantes.

A diretora da ATL vê com bons olhos a possibilidade de um novo grande centro de congressos. Mas não esconde que "o principal desafio é ter um espaço apto para receber eventos associativos e corporate para mais de seis mil pessoas, que tenha as infraestruturas adequadas e uma boa acessibilidade à hotelaria. Esta é uma lacuna na competitividade de Lisboa relativamente a cidades concorrentes, nomeadamente, Viena, Barcelona, Paris, Londres, Madrid, Estocolmo, Berlim, Amesterdão e Praga, que já investiram em equipamentos com esta dimensão e polivalência".

A Secretaria de Estado do Turismo limita-se a considerar que "é importante ter um espaço que responda às necessidades" e que "a procura e o posicionamento de Portugal como destino de grandes eventos têm sido crescentes".

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal salienta que, "tanto quanto sabemos, existe um projeto de expansão da Fundação AIP para as instalações da FIL, que envolve a construção de um novo edifício e que irá permitir que a área de exposição quase triplique". Francisco Calheiros diz ainda que aguarda "o modelo final de financiamento para este projeto, cuja concretização será, sem dúvida, excelente para a cidade e para o país".

Turismo de Portugal traz 130 congressos para Portugal

Muitos turistas continuam a visitar Portugal nos meses mais quentes - tipicamente de abril a outubro -, mas a sazonalidade na atividade turística nacional sente-se cada vez menos. Eventos e congressos são dois dos motores desta redução da sazonalidade. Só neste ano, o Programa de Captação de Eventos Corporativos e Congressos Internacionais - que pertence ao Turismo de Portugal - "captou 130 eventos. Destes, cerca de metade vão ainda realizar-se até ao final do ano", de acordo com a Secretaria de Estado do Turismo.

"Desde 2016 e até ao final de 2019, este programa já captou um total de 354 congressos para Portugal." E com 2019 já a meio, a equipa do Turismo de Portugal já está a olhar para o próximo ano. "Até ao momento, o programa de captação tem 63 congressos identificados para Portugal em 2020. A expectativa é chegar aos 150."

O gabinete de Ana Mendes Godinho diz ao DN/Dinheiro Vivo que Lisboa e Porto são duas das cidades que se destacam para a realização de eventos, nomeadamente devido às acessibilidades que existem naquelas regiões para quem vem de fora. Mas há também "um crescimento significativo de outras regiões. É o caso de Coimbra que, de acordo com o relatório da Associação Internacional de Congressos e Incentivos (ICCA), relativo a 2018, subiu 86 posições no ranking mundial e 42 lugares no top europeu".

Apesar do crescimento do número destes eventos em Portugal, Francisco Calheiros alerta que "Portugal, no âmbito da União Europeia, é o país que tem maiores restrições no direito à dedução do IVA no segmento dos MICE [encontros, incentivos, conferências e exposições]. A CTP tem vindo a alertar para a necessidade de permitir a dedução ou o reembolso integral do IVA suportado com as despesas inerentes a este segmento do turismo".

Ana Laranjeiro e Ana Margarida Pinheiro são jornalistas do Dinheiro Vivo

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