SATA diz aos tripulantes que não tem fôlego para aumentar salários
Desde o início do verão que os tripulantes da SATA tentam chegar a um acordo para um aumento salarial, mas depois de propostas e contrapropostas a administração de António Teixeira vem agora reconhecer que a situação financeira da empresa impossibilita novos encargos. Lembrando que o salário não é tudo, a companhia açoriana, que se comprometeu a reduzir os prejuízos de 2018 para metade, diz aos trabalhadores, em nota a que o Dinheiro Vivo teve acesso, que "trabalhar numa empresa eficiente também aporta satisfação".
"É certo que os últimos meses não nos têm oferecido muita tranquilidade para nos juntarmos frente a frente, a fim de vos dar conta do processo de concertação social em curso com o SNPVAC", começa a empresa por dizer num comunicado aos tripulantes, justificando a falta de um "ponto de situação das negociações com os vários sindicatos". Depois acrescenta que "face ao mais recente pré-aviso de greve e à última reunião de concertação que teve lugar na passada sexta-feira", dão "conta de que um último passo foi dado no sentido de encontrar uma plataforma de entendimento que nos permita sanar definitivamente as questões que nos separam". Mas logo vem a confirmação da impossibilidade de aumentar os vencimentos: "Chegámos a um ponto em que não temos condições de voltar a discutir contrapropostas que acarretem um novo aumento de custos para a companhia aérea", diz.
Desde o início do verão que os tripulantes aguardavam que se fechasse o acordo para uma atualização salarial no âmbito da negociação do acordo de empresa, medida que foi prometida em junho e permitiu travar uma greve anunciada pelo sindicato dos tripulantes para os dias 22 de junho a 1 de julho. O conselho de administração sublinha agora que a negociação pode continuar, mas dela "não poderá depender um novo acréscimo de remuneração, que se acumularia ao aumento remuneratório já acordado".
"Foi um verão de enganos", diz ao Dinheiro Vivo um tripulante da companhia aérea regional, apontado o dedo a erros de gestão, que levaram a empresa a uma situação financeira "ruinosa". E lamenta que "tenha havido disponibilidade financeira para aumentar os pilotos e não os tripulantes da empresa".
Em nota enviada no início desta semana aos funcionários, a companhia aérea mostra-se disponível "para esclarecer presencialmente ou por escrito qualquer dúvida em matéria de acordo de empresa ou outras que possam ser motivo de preocupação" pelos funcionários. E deixa uma nota final: "Temos consciência do muito que nos falta fazer pelos nossos colaboradores e sabemos que nem tudo se resume a auferir um melhor ordenado ao final do mês. Trabalhar numa empresa mais eficiente, reconhecida e a funcionar também aporta satisfação, equilíbrio e esperança no futuro".
Os trabalhadores, porém, estão longe de estar tranquilos. Em 2018, a companhia açoriana registou um prejuízo de 53,3 milhões de euros, o que representa um agravamento de 12,3 milhões face ao ano de 2017. Neste verão, pela primeira vez, os salários foram pagos com atraso e, apesar de a situação não ter voltado a verificar-se, os trabalhadores queixam-se de falta de mão-de-obra e de condições, que dizem ser inferiores às oferecidas por companhias aéreas concorrentes.
jornalista do Dinheiro Vivo