Portugueses são dos que pagam mais pelos carros elétricos na Europa
Comprar um carro elétrico em Portugal sai mais caro do que em Espanha e em países como França e Alemanha. A culpa é dos impostos mais altos, sobretudo para os particulares. "A parte fiscal faz muita diferença. Portugal tem um IVA mais elevado nos automóveis do que boa parte dos países europeus", explica Henrique Sánchez, líder da UVE, a associação dos utilizadores de carros elétricos, ao DN/Dinheiro Vivo.
A taxa normal de IVA de Portugal é de 23%. Já os espanhóis têm IVA a 21%, os franceses a 20% e os alemães a 19%. O Nissan Leaf, o carro elétrico mais vendido em Portugal, custa aos portugueses 34 905 euros. Em Espanha, paga-se menos 455 euros. Em França são cerca de 500 euros a mais e na Alemanha a diferença chega a quase dois mil euros.
Mas os compradores franceses, por exemplo, acabam por gastar menos na fatura final: têm um apoio estatal de 5000 euros. Em Portugal, o apoio é de 3000 euros, limitado às primeiras mil pessoas.
Nem sempre foi assim, recorda Helder Pedro, secretário-geral da associação automóvel ACAP. "Há 10 anos, Portugal foi considerado um dos países pioneiros da mobilidade elétrica. Chegou a ter incentivos para comprar carros elétricos de 5000 euros, em linha com os restantes países europeus", recorda o dirigente.
O cenário é diferente para as empresas: embora o incentivo de compra seja menor - 2250 euros -, é possível recuperar a totalidade do IVA pago na compra dos elétricos.
Apesar de se pagar mais, Portugal é um dos países da União Europeia com maior aposta nos elétricos. É o quinto país europeu onde, em percentagem do total, se venderam mais veículos elétricos no ano passado (3,4% do total), apenas ultrapassado por nações desenvolvidas do norte da Europa, como a Noruega (onde 49,1% dos carros vendidos no ano passado foram elétricos ou híbridos plug-in), Suécia (8%), Holanda (6,7%) e Finlândia (4,7%).
A explicação para a rápida adesão aos elétricos poderá estar no passado, lembra Henrique Sánchez. "Os portugueses são adeptos das inovações e das tecnologias. Veja-se o que aconteceu com o Multibanco, os telemóveis e a Via Verde."