"Cada ano a Keidanren envia uma missão à Europa, a um ou dois países. E é muito relevante que em 2018 tenha escolhido Portugal entre tantos países europeus", afirma Jun Niimi, embaixador do Japão em Lisboa, referindo-se à Federação das Organizações Económicas Japonesas que quinta e sexta-feira visita Portugal . Liderada por Yoshio Sato, chairman da Sumitomo Life Insurance Company, e Hitoshi Ochi, presidente e CEO da Mitsubishi Chemical Holdings Corporation, a comitiva de três dezenas de pessoas será recebida pelo presidente da República, pelo primeiro-ministro e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia. Os empresários japoneses participarão também num seminário organizado pela AICEP sobre as relações entre Portugal e aquela que é a terceira potência económica mundial..Além de Portugal, a comitiva da Keidanren incluiu nesta missão à Europa a Suécia, esclarece o embaixador japonês, em conversa com o DN, realçando que "o momento da visita é muito significativo. Ocorre quando a economia japonesa está já a recuperar bem da crise financeira global". No ano passado, o PIB nipónico, superior ao da Alemanha em termos absolutos, cresceu 1,7% e em 2018 o governo liderado por Shinzo Abe está também convicto que os números serão positivos. "Um sinal disto é que o investimento japonês em Portugal voltou a crescer", acrescenta Niimi..Hoje são 82 as empresas japonesas em Portugal, com a Fujitsu a destacar-se, empregando 1900 trabalhadores. E ainda em junho, o próprio diplomata assistiu à inauguração em Viana do Castelo de uma fábrica da Howa Tramico, destinada a produzir componentes automóveis.."Cada vez mais empresas japonesas têm mostrado interesse em fazer negócios com Portugal. Tenho sido contactado por várias. Além disso, em julho o Japão e a União europeia assinaram um acordo de parceria económica que, algures no próximo ano, entrará em vigor e irá reforçar os nossos laços comerciais. Por exemplo, as tarifas impostas a muitos produtos portugueses vão ser eliminadas imediatamente ou diminuir gradualmente. No caso de uma garrafa de vinho de 750ml, feito o câmbio em ienes, isso significa menos 70 cêntimos no preço final", sublinha o embaixador Niimi, desde 2017 colocado em Portugal. Explica ainda que este acordo com a União Europeia é especial, basta pensar que um acordo de parceria com o Chile foi definido como de aplicação gradual ao longo de 12 anos e só em abril de 2019 as tarifas serão eliminadas por completo. Também abrangido no acordo entre o Japão e os ainda 28 está a liberalização do investimento, que pode trazer novidades para Portugal..Na tradição empresarial nipónica, apesar das indicações positivas que possam vir dos gestores japoneses em cada país, a palavra final para que um grande investimento aconteça depende dos decisores nos quartéis-generais em Tóquio ou noutras cidades. "A vinda de líderes de empresas pode facilitar a decisão de investir em Portugal. Por isso a importância deste tipo de visitas", faz questão de referir Niimi..Sobre as vantagens de investir neste extremo ocidental da Europa, pátria dos navegadores que no século XVI foram os primeiros europeus a chegar ao Japão, Jun Niimi é muito claro: "Daquilo que tenho visto neste ano de trabalho como embaixador , e das conversas como muitos gestores japoneses em Portugal, vejo muitas vantagens em investir aqui: uma é a segurança, outra a estabilidade política e económica, outra ainda a alta qualidade do trabalhador português. E muitos falam inglês." Portugal como possível plataforma para negócios nos países lusófonos africanos é outro dos atrativos..Uma comitiva da Keidanren esteve em Portugal há seis anos, tendo na altura sido recebida pelo presidente da república e pelo primeiro-ministro. Desta vez, além dos contactos oficiais e do seminário organizado pelo AICEP, os gestores japoneses visitarão também em Lisboa a Fundação Champalimaud..A Keidanren foi fundada em agosto de 1946, um ano apenas depois do final da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de reconstruir a economia japonesa. Hoje conta como membros 1376 empresas, 109 associações industriais de âmbito nacional e 47 organizações económicas regionais. O atual presidente é Nakanishi Hiroaki, executive chairman da Hitachi.