Morreu Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial
Paulo Nunes de Almeida, presidente da AEP, faleceu nesta quinta-feira, no Porto, na sequência de uma doença prolongada.
Era cronista do Jornal de Notícias e do Dinheiro Vivo, tendo a sua última opinião sido dedicada ao presidente do presidente do Banco Central Europeu, a quem deixou um elogio pelo trabalho desenvolvido no seu mandato.
Na sua última entrevista ao Dinheiro Vivo, a 27 de abril, a propósito dos 170 anos da AEP, focou um dos temas que lhe foram mais caros: a defesa da regionalização e, em particular, da região Norte.
Em comunicado enviado às redações, a AEP lamenta a morte e recorda que o seu 30.º presidente "deixa uma marca forte no associativismo, nomeadamente em áreas fundamentais para a economia portuguesa como a internacionalização, o empreendedorismo e a formação profissional". Na sua última tomada de posse, a 27 de junho de 2017, afirmou: "A AEP nunca foi um peso. Antes pelo contrário, foi a vitamina que me fortaleceu e a adrenalina que me estimulou".
Licenciado em Economia pela Universidade do Porto, tem uma filha e um filho.
A sua vida destacou-se por uma forte ligação à atividade empresarial, mas também pela envolvimento no futebol, tendo sido, desde 2008, presidente do Conselho Fiscal do F. C. Porto e da Futebol Clube do Porto - SAD.
Iniciou a sua vida profissional no Banco Português do Atlântico, em 1982, onde esteve dois anos. No final, criou a sua primeira empresa, na área dos serviços financeiros.
Desde então, não mais abandonou a atividade empresarial, em vários ramos, mas sobretudo no setor têxtil e da moda.
Nos primórdios da sua ligação ao associativismo, destacou-se por ter sido fundador e vice-presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), em 1986. Uma década depois, assumiu a presidência da Mesa da Assembleia Geral da instituição, cargo que manteve até 2002.
Em paralelo, entre 1996 e 2000, integrou o Conselho Económico e Social. Mais tarde, assumiu outros cargos diretivos na Associação Comercial do porto (ACP) e na Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), da qual foi presidente e da direção e do conselho fiscal.
Na atualidade, era presidente da AEP desde 2016 e, há um ano, tinha sido reconduzido no cargo para um segundo mandato, até 2020. Era também membro do Conselho Geral da Confederação Empresarial de Portugal (CIP).
Tomou posse como 30.º presidente da AEP em 2014 (2014/2017). Em 27 de junho 2017 foi reeleito para um segundo mandato, que iria terminar em 2020.
Foi também o primeiro presidente da Fundação AEP, desde agosto de 2010, cargo que abandonou em abril já deste ano.
A cultura, a solidariedade social, a defesa do consumidor e o desporto foram outras áreas às quais esteve ligado. O mundo desportivo destacou-se na sua vida, desde logo pela ligação ao F. C. Porto, embora já antes tivesse sido vice-presidente do Sport Clube do Porto, um clube amador.
O seu percurso acabou por ser reconhecido em várias instâncias. A mais recente foi-lhe atribuída no dia 14 de maio, no jantar comemorativo dos 170 anos da AEP, quando o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o condecorou com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Empresarial - Classe do Mérito Industrial.
As reações à morte de Paulo Nunes de Almeida começam a surgir minutos depois da notícia da morte de Paulo Nunes de Almeida. António Saraiva, líder da CIP, fala de "um dirigente como poucos". "Tive o privilégio de a seu lado testemunhar uma profunda paixão e dedicação às organizações que dirigia, honrando e dignificando com entrega e devoção a luta pela edificação do associativismo empresarial".
O líder da Confederação Empresarial de Portugal notou ainda, em comunicado, que "Paulo Nunes de Almeida era um homem de causas. Um amigo tão característico como a essência da cidade do Porto que tanto amava: sempre invencível, sempre leal, sempre sincero". Diz ainda que: "o seu legado ficará escrito a letras de ouro" e que "enquanto tivermos memória, ele será para sempre lembrado como uma referência maior do associativismo empresarial. Ele fez tudo a bem de Portugal".
Pedro Matias, presidente do ISQ, recorda "Paulo Nunes de Almeida como uma figura destacada do setor empresarial e nomeadamente do Associativismo em Portugal. A ele se devem muitas batalhas e muitas vitórias em prol da afirmação da "Indústria" e das empresas enquanto motor do desenvolvimento económico e social. Destacado dirigente associativo da AEP sempre procurou promover e afirmar a inovação e a competitividade das empresas. Era uma pessoa inteligente, cordata e mobilizadora que vai deixar muitas saudades no Norte do país e em Portugal".
Celso Guedes de Carvalho, comissário da Expo Dubai, destaca em Paulo Nunes de Almeida a "humildade. Sentido de dever. Entrega às causas em que acreditava. Amor pela cidade do Porto e pela Região Norte. Desprendimento. Homem de família. Um líder discreto mas impactante no resultado agregador de talento".