CP lidera reclamações nos transportes com 92 queixas por dia
Os portugueses apresentaram, no ano passado, 76 840 reclamações por causa do mau serviço nos transportes. É um aumento de 25,3% face a 2017, de acordo com a AMT - Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
Os problemas com os preços ou pagamento de viagens; o cumprimento defeituoso ou incumprimento de serviço; e a qualidade do atendimento, seja presencial, seja telefónico, foram os três principais motivos de queixas, segundo o relatório da AMT a que o Dinheiro Vivo teve acesso.
A CP liderou a indignação dos utentes. Esta transportadora foi alvo de 33 419 queixas, mais 38,7% face a 2017. São nada menos de 92 reclamações por dia e uma por cada 3370 utentes. A empresa pública de comboios foi responsável por 43,5% do total de denúncias, contra 39,4% em 2017.
Além da supressão de comboios regionais nas linhas não eletrificadas, sobretudo no Oeste e Algarve, houve menos composições no serviço urbano de Lisboa.
No verão, por exemplo, chegou a ser utilizado material do comboio regional para fazer alguns Intercidades.
Entre Porto e Lisboa, o principal destaque nas reclamações vai para o Metro do Porto. Foram apresentadas 3920 reclamações, mais do dobro dos 1639 processos iniciados em 2017.
O Metro do Porto enfrentou alguns problemas de funcionamento em abril do ano passado por causa da greve dos trabalhadores da EMEF, que fazem a manutenção do material desta transportadora.
No Metro de Lisboa, pelo contrário, houve menos reclamações: 4730 contra 6060 em 2017, menos 21,9%.
Nos autocarros, também a principal empresa do Porto recebeu mais reclamações: as queixas na STCP aumentaram 10,1% para um total de 3456 processos. Em Lisboa, a Carris foi alvo de 6027 queixas, menos 22,3%.
Três quartos das queixas nos transportes foram registadas fora do livro de reclamações da AMT. Por exemplo, reclamações escritas nos portais das empresas, pelo telefone ou através de correio eletrónico.
A AMT, liderada por João Carvalho, também recebeu reclamações sobre outro tipo de serviços. Embora em escala reduzida, registaram-se queixas contra empresas de aluguer de automóveis, transporte de mercadorias, centros de inspeção técnica, escolas de condução, gestora de infraestruturas ferroviárias, de empresas de táxis e de transporte em veículos descaracterizados (plataformas TVDE).
E nem o transporte fluvial, como a Transtejo e Soflusa, escapou às queixas dos utentes.