Reunião sem acordo. "Estado crítico do país vai piorar"
Reunião entre o governo e os representantes do sindicato dos motoristas de matérias perigosas e a ANTRAM chegou ao fim em uma hora.
"A reunião desta noite serviu apenas para clarificar o que está incluído nos serviços mínimos, mas fora do contexto da greve", esclareceu o líder da ANTRAM (associação dos empregadores do setor), à saída do encontro desta noite, para discutir a greve que começou segunda-feira às 00.00. O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, manteve o silêncio, mas o representante do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas confirmou que a greve vai continuar e não tem prazo para terminar.
"Há uma promessa da ANTRAM (associação das entidades patronais) para reunirmos e isso é importante, mas até que aconteça essa reunião e haja conclusões, a greve continuará", esclareceu o representante sindical dos motoristas de matérias perigosas, sublinhando: "O estado crítico do país vai piorar."
Assegurando que sempre houve da parte do sindicato a intenção de cumprir os serviços mínimos por requisição civil, o sindicalista lembrou que essa requisição determinava que as empresas comunicassem de quantos homens precisavam. "E até sairmos de Aveiras só uma empresa tinha enviado essa listagem", simplificou, assegurando que o presidente da ANTRAM deverá enviar a lista completa ainda esta noite.
"Serão esses serviços assegurados pelos trabalhadores que não aderiram à greve", especificou ainda o responsável sindical. "Mas os serviços mínimos não vão resolver o problema, porque apenas se garante o abastecimento de 40% dos postos de Lisboa e do Porto. Antecipo problemas sérios para o país e espero que haja consciência disso e que a ANTRAM queira falar connosco e trabalhar nas mudanças de carreira que pedimos há 20 anos e nunca aconteceram."
Sem acordo à vista, a paralisação continuará, assim, "por tempo indeterminado", conforme anunciou o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas ainda durante o dia, mesmo que o governo queira assegurar que as operações de abastecimento de combustível sejam retomadas "o mais rapidamente possível", como assegurou o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, apelando esta noite à colaboração dos motoristas de matérias perigosas.
"Neste momento, pode haver alguma comoção e alguma intranquilidade, mas temos de assegurar que as condições de abastecimento se retomam da forma mais prudente possível", declarou o governante, ainda antes de começar a reunião e sublinhando que o direito à greve "é integralmente respeitado" e os trabalhadores em greve, "nos termos da lei, estão obrigados ao cumprimento dos serviços mínimos, ao cumprimento da requisição civil e, agora, às obrigações que decorrem da declaração de alerta".