Aviões da TAP fazem importações crescer seis vezes mais que exportações
As importações voltaram a ganhar ritmo perante as exportações. Em julho, as compras ao exterior aumentaram 7,9%, seis vezes mais do que as vendas que os portugueses fizeram lá fora. A contribuir para este ganho está a renovação da frota da TAP que, até ao final do ano, irá receber 30 aviões, que importará diretamente à produtora francesa Airbus. Resultado: O défice da balança comercial de bens agravou-se em 452 milhões de euros, revelou ontem o INE.
"Em julho de 2019, as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de 1,3% e 7,9%, respetivamente (-8,3% e -3,7% em junho de 2019, pela mesma ordem). Destaca-se o acréscimo de 27,9% nas importações de material de transporte, sobretudo outro material de transporte (maioritariamente aviões), com um contributo de 4,2 pontos percentuais para a taxa de variação homóloga total", revela o gabinete de estatísticas.
O INE não menciona diretamente a transportadora aérea portuguesa mas não é a primeira vez que a menciona. O investimento nacional, motor do crescimento no primeiro trimestre do ano, já tinha sido impulsionado de forma significativa pela compra de aviões à produtora francesa.
A TAP vai aumentar a sua frota para 120 aviões, tendo prevista a receção de 71 aviões até 2025. Em maio, a companhia destacou que a renovação permitirá ter uma das frotas mais modernas do mundo, tendo adiantado que cada avião novo da TAP significa, em média, 28 milhões de euros em contribuições e impostos para a economia portuguesa e 750 postos de trabalhos em Portugal.
"A renovação da frota da TAP, com 71 novos aviões previstos até 2025, é um dos pilares do plano estratégico dos novos acionistas, apresentado aquando da privatização em 2015 e aprovado pelo Estado português. É nestes aviões de última geração, com mais oferta de lugares e menor custo, que assenta grande parte do processo de transformação", dizia, à data, a empresa.
Não foram só compras. Depois de, em junho, terem registado uma quebra de 8,3%, julho marcou o regresso das exportações a terreno positivo, com as empresas portuguesas a venderem mais 1,3% do que no período homólogo. No acumulado dos primeiros sete meses do ano, as exportações nacionais cresceram 2,7% face a igual período. Excluindo os combustíveis, as exportações nacionais aumentaram 3%.
O défice da balança comercial de bens atingiu, em julho, os 1751 milhões de euros, o que corresponde a um agravamento de 452 milhões face ao mesmo mês de 2018. Analisados os dados referentes ao trimestre terminado em julho, o INE indica que as exportações cresceram 0,5% e as importações 5,9% face ao trimestre homólogo do ano anterior, altura em que haviam aumentado 0,9% e 6,5%, respetivamente. Mais simpática é a comparação com o mês anterior - o que não admira. As exportações registaram um acréscimo de 13,4% e as importações avançaram 7,2% comparativamente a junho. Uma performance positiva para que contribuíram tanto as vendas para União Europeia como para os países extracomunitários, com o INE a lembrar que julho teve mais cinco dias úteis do que o mês anterior.
Já no acumulado do ano, as empresas portuguesas venderam um total de 35 705 milhões de euros ao exterior, mais 2,7% do que em igual período do ano passado. Excluídos os combustíveis e lubrificantes, o crescimento ainda é mais significativo: 4,3%.
Com Ana Margarida Pinheiro