Inflação nos 7,2% em abril. O valor mais alto em 29 anos

É uma taxa superior em 1,9 pontos percentuais à observada no mês anterior e a mais elevada desde março de 1993.
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A variação homóloga do índice de preços no consumidor (IPC) foi de 7,2% em abril, acima dos 5,3% do mês anterior e o valor mais alto desde março de 1993, confirmou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

"A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi 7,2% em abril de 2022, taxa superior em 1,9 pontos percentuais à observada no mês anterior e a mais elevada desde março de 1993", informou o INE, confirmando assim os valores previstos na estimativa rápida divulgada no final de abril.

O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) também acelerou, registando uma variação de 5,0% (3,8% em março), "o valor mais elevado desde setembro de 1995".

Já a variação do índice relativo aos produtos energéticos aumentou para 26,7%, face aos 19,8% do mês precedente, o que corresponde ao "valor mais elevado desde maio de 1985".

Por sua vez, o índice referente aos produtos alimentares não transformados apresentou uma variação de 9,4%, face aos 5,8% de março.

Segundo o INE, "por classes de despesa e face ao mês precedente, são de destacar os aumentos das taxas de variação homóloga das classes da 'habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis' e dos 'restaurantes e hotéis', com variações de 10,2% e 9,9%, respetivamente (5,4% e 6,6% no mês anterior)".

"Em sentido oposto, as 'bebidas alcoólicas e tabaco' e o 'vestuário e calçado' apresentaram uma diminuição da taxa de variação homóloga para 0,6% e -0,7% respetivamente (2,6% e 0,1% no mês anterior)", acrescenta.

Nas classes com contribuições positivas para a variação homóloga do IPC, destacam-se os 'bens alimentares e bebidas não alcoólicas' e os 'transportes'. A única classe com contribuição negativa foi a do 'vestuário e calçado'.

Comparando com o mês precedente, é de salientar o aumento das contribuições para a variação homóloga do IPC das classes dos 'bens alimentares e bebidas não alcoólicas', da 'habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis', dos 'transportes' e dos 'restaurantes e hotéis'.

Em sentido contrário, destaca-se a redução da contribuição da classe das 'bebidas alcoólicas e tabaco' e do 'vestuário e calçado'.

Em abril de 2022, a variação mensal do IPC foi 2,2% (2,5% no mês precedente e 0,4% em abril de 2021), enquanto a variação média dos últimos 12 meses foi 2,8% (2,2% em março).

Quando ao índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) português, apresentou uma variação homóloga de 7,4%, "novo valor mais elevado registado desde o início da série do IHPC, em 1996".

Segundo o INE, esta taxa é superior em 1,9 pontos percentuais à do mês anterior e inferior em 0,1 pontos percentuais ao valor estimado pelo Eurostat para a área do Euro (em março, esta diferença foi de 1,9 pontos percentuais).

Excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 5,3% em abril (4,1% no mês anterior), superior à taxa correspondente para a área do Euro, que se fixou em 3,9%, "mantendo o perfil ascendente verificado nos últimos meses".

"Este índice em Portugal apresenta um perfil ascendente muito pronunciado nos últimos meses, situando-se acima da média da área do euro desde janeiro de 2022", salienta o INE, precisando que, "em abril, esta diferença aumentou para 1,4 pontos percentuais (0,9 pontos percentuais em março)".

O IHPC registou uma variação mensal de 2,4% (2,6% no mês anterior e 0,5% em abril de 2021) e uma variação média dos últimos 12 meses de 2,6% (2,0% no mês precedente).

A ministra da Presidência reafirmou hoje que "há margem" para atualizar o pacote financeiro de medidas para mitigar o impacto da escalada inflação, indicando que os apoios aprovados até agora têm em conta apenas o atual trimestre.

"Como afirmámos na apresentação do Orçamento do Estado para 2022 (OE202) na generalidade, há um pacote financeiro de resposta a estas medidas e há margem para ser atualizado", disse a ministra Mariana Vieira da Silva à margem da reunião da Concertação Social, que ainda decorre no Conselho Económico e Social (CES), em Lisboa.

Questionada sobre os novos dados da inflação divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que apontam para uma taxa homóloga de 7,2% em abril, Mariana Vieira da Silva afirmou que o Governo faz um "acompanhamento permanente" da situação.

"As medidas que foram definidas foram tendo em conta este trimestre, a avaliação é permanente face à necessidade de reforçar ou de alterar as medidas", disse a governante.

Mariana Vieira da Silva sublinhou que é preciso acompanhar "mês a mês" os valores da inflação, acrescentando que "todas as instituições internacionais têm apontado para o caráter transitório" do indicador.

"É preciso ir acompanhando, ter medidas dirigidas ao controlo de preços como as que já aprovámos e as que temos condições de aprovar para poder chegar ao momento em que negociamos o Orçamento do próximo ano e os aumentos salariais sabendo e conhecendo melhor este fenómeno", afirmou.

Sobre o tema dos fundos comunitários, que fazem parte da ordem de trabalhos da reunião de hoje da Concertação Social, a ministra referiu que o acordo de parceria do Portugal 2030 (PT2030) "foi enviado na semana passada aos grupos parlamentares" e apresentado também aos parceiros sociais.

"Não é um documento fechado, é um documento que serviu de base à negociação com a Comissão Europeia", sublinhou.

De acordo com a ministra, o Governo conta ter o acordo fechado sobre o PT2030 "durante o mês de junho" com a Comissão Europeia, sendo essa a versão final do acordo de parceria.

Já as primeiras submissões formais dos programas operacionais devem acontecer "no início de junho, para depois nos meses de setembro e outubro poderem ser negociadas", acrescentou Vieira da Silva.

A reunião da Comissão Permanente da Concertação Social decorre no Conselho Económico e Social (CES), em Lisboa, e tem na ordem de trabalhos a Agenda do Trabalho Digno, o acordo de rendimentos e o acordo de parceria do PT2030.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, preside à reunião, onde estão presentes também os ministros da Presidência, Mariana Vieira da Silva, da Economia, António Costa Silva, e da Agricultura, Maria do Céu Antunes.

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