O índice de preços no consumidor escalava em novembro 2,6% face ao mesmo mês do ano passado, naquele que foi o maior registo de inflação homóloga em mais de nove anos, segundo dados confirmados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)..A subida teve a maior contribuição por parte dos transportes, cujos preços subiam 8,1% face a um ano antes. A inflação nos transportes está a ser empurrada pelos combustíveis, com um aumento homólogo de 20% no mês passado, mas também, por exemplo, pela escalada nos preços dos bilhetes de avião, que em novembro estavam já 33% acima dos valores registados em novembro do ano passado..Entre os bens com maior influência na subida de preços estão também os combustíveis para uso na habitação, cujos preços crescem 33% face há um ano. Dão o maior contributo para o acelerar da inflação no grupo de preços relacionados com a habitação, que sobem 3,2%. Também óleos e gorduras (mais 17%) contribuem para um aumento de 1,4% na alimentação..Mas, os dados do INE mostram que, mesmo limpando o cabaz de preços no consumidor dos itens habitualmente mais voláteis - os produtos energéticos e produtos alimentares não transformados -, a tendência é de uma subida elevada. A inflação subjacente estava em novembro em 1,7%. É um máximo de mais de quatro anos..No destaque publicado ontem, o INE analisa ainda eventuais impactos das subidas na energia nas restantes classes de bens, considerando que em novembro há já evidência de que os retalhistas estarão já a passar a subida de custos para os consumidores num grande conjunto de bens, em particular na alimentação. De resto, a aceleração da inflação no terceiro trimestre surge alinhada quando se colocam lado a lado os preços de produção de bens de consumo e os preços do cabaz no consumidor excluindo os produtos energéticos, nota..O cabaz de preços de 2021 encontra-se ainda influenciado pela pandemia. Nomeadamente, ao atribuir menor peso a transportes, alojamento e refeições em restaurantes, reflexo da redução do consumo realizado no ano passado..Maria Caetano é jornalista do Dinheiro Vivo