Inflação atinge 8,0% em maio, o valor mais alto desde fevereiro de 1993

O valor foi apurado pelo Instituto Nacional de Estatística tendo por base a informação já apurada. PIB cresceu 11,9% no primeiro trimestre.

A taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá aumentado para 8,0% em maio, face aos 7,2% de abril, o valor mais alto desde fevereiro de 1993, avançou esta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com a estimativa rápida divulgada pelo instituto estatístico, "tendo por base a informação já apurada, a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá aumentado para 8,0% em maio (7,2% em abril)".

"Trata-se do valor mais elevado registado desde fevereiro de 1993", sublinha.

O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) terá registado uma variação de 5,6% (5,0% no mês anterior), o registo mais elevado desde outubro de 1994.

Quanto à taxa de variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos, o INE estima que se situe nos 27,2% em maio (26,7% no mês precedente), o "valor mais alto desde fevereiro de 1985".

Já o índice referente aos produtos alimentares não transformados terá apresentado uma variação de 11,7%, que compara com 9,4% em abril.

Em maio face ao mês anterior, a variação do IPC ter-se-á fixado em 1,0% (2,2% em abril e 0,2% em maio de 2021), estimando-se uma variação média nos últimos 12 meses de 3,4% (2,8% no mês anterior).

O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português terá registado uma variação homóloga de 8,1% em maio (7,4% no mês anterior).

Os dados definitivos referentes ao IPC do mês de maio de 2022 serão publicados pelo INE em 14 de junho.

Crescimento do PIB de 11,9% no primeiro trimestre

O INE revela ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) registou um crescimento de 11,9% no primeiro trimestre face ao mesmo período do ano passado e de 2,6% em comparação com o trimestre anterior, mantendo-se assim a estimativa divulgada em 29 de março.

O INE explica que o crescimento homólogo de 11,9% no primeiro trimestre "reflete um efeito de base, uma vez que, em janeiro e fevereiro de 2021, estiveram em vigor várias medidas de combate à pandemia que condicionaram fortemente a atividade económica".

Segundo o INE, o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou significativamente no primeiro trimestre, destacando-se o "crescimento acentuado" do consumo privado, tendo o contributo positivo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB também aumentado, com um "ligeiro abrandamento" das importações de bens e serviços em volume e uma aceleração das exportações de bens e serviços, refletindo a "forte recuperação" do turismo.

"No 1.º trimestre de 2022, a perda nos termos de troca, em termos homólogos, foi mais intensa, contribuindo para a deterioração do Saldo Externo de Bens e Serviços, que se situou em -3,5% do PIB (-2,7% do PIB no 1.º trimestre de 2021)", refere o organismo de estatística.

Comparando com o trimestre anterior, o PIB aumentou 2,6% em termos reais no primeiro trimestre de 2022, com um contributo da procura interna de 2,2 p.p. para a taxa de variação em cadeia do PIB, enquanto a procura externa líquida manteve um contributo de 0,4 p.p.

Os dados detalhados do INE indicam que o consumo registou uma variação homóloga de 12,6% em volume no primeiro trimestre, após uma variação de 5,4% no trimestre anterior, enquanto face ao quarto trimestre, o consumo privado aumentou 2,1%, verificando-se um crescimento de 6,4% nas despesas em bens duradouros e de 1,7% nas despesas em bens não duradouros e serviços.

Já o investimento em volume registou um crescimento homólogo de 5,4%, abrandando face ao trimestre anterior.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) total aumentou 5,8% em termos homólogos, uma taxa igual à registada no quarto trimestre, tendo-se verificado um crescimento mais intenso, em termos reais, da FBCF em construção (+5,3%) e em equipamento de transporte (+15,6%), ao contrário da FBCF em outras máquinas e equipamentos e em produtos de propriedade Intelectual, que desaceleraram, registando variações homólogas de 4,8% e 5,6%, respetivamente.

Quando comparado com o último trimestre de 2021, o investimento total aumentou 3%, tendo a FBCF aumentado 3,3%.

As exportações de bens e serviços em volume aceleraram no primeiro trimestre, registando uma variação homóloga de 18,3% (16,1% no trimestre anterior), taxas associadas à dinâmica de recuperação da componente do turismo, que cresceu 206,7% em termos homólogos (-121,5% no trimestre anterior e -62,9% no 1º trimestre de 2021).

Por outro lado, as exportações de bens abrandaram no primeiro trimestre, para uma variação homóloga de 3,7% (4,6% no 4º trimestre).

Já as importações de bens e serviços em volume aumentaram 13,1% em termos homólogos, taxa inferior em 0,5 p.p. à do trimestre precedente, refletindo o abrandamento das importações de serviços.

Segundo o INE, face ao trimestre anterior, as exportações totais aumentaram 1,7% em termos reais, tendo a componente de bens registado uma variação de 0,5% e a de serviços, 4,2%, enquanto as importações totais registaram uma variação em cadeia de 0,7%.

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