Hotéis de Albufeira estão quase quatro vezes mais caros
No "pico" do verão, com a enchente de turistas portugueses e estrangeiros, a temperatura dos preços dos hotéis do Algarve não para de subir - um quarto custa hoje, em média, 201 euros por noite, mais 20,4% do que em julho. É já a região mais cara do país, liderada por Albufeira, onde são cobrados 210 euros por uma noite em quarto duplo: dos 54 euros em janeiro há uma subida de +288%, quase quatro vezes mais. E mais 23,5% do que há apenas um mês.
"Sem dúvida" que tem havido um forte aumento no preço, reconhece, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo, Carlos Leal, diretor--geral da United Investments Portugal, a dona do resort Pine Cliffs, reinaugurado recentemente depois de um forte investimento para melhoria do espaço. A subida do preço médio por noite, justifica, fica a dever-se "em parte ao aumento de procura, mas também graças à qualidade superior dos quartos de hotel renovados e das novas unidades".
Elidérico Viegas também explica o boom dos preços com o aumento da procura. "Desde janeiro estamos com 10,5% de ocupação a mais face ao ano passado e as vendas cresceram 16,5%", refere o presidente da associação dos hotéis do Algarve (AHETA). A escalada dos preços não é de estranhar: "A maioria dos hotéis estão com a taxa de ocupação a 100%."
E não é só em Albufeira que os preços têm subido. Em Portimão, por exemplo, uma noite num quarto duplo custa 149 euros, mais 31,8% do que em julho e mais 217% do que no início do ano; e em Lagos o preço subiu para 176 euros/noite, mais 13,5% do que há um mês.
Em Lisboa, os preços também aumentaram, mas a um ritmo mais suave: no Estoril o preço médio por noite é 142 euros, mais 5,97% do que em julho, mas até desceram 0,7% face a agosto de 2015; em Cascais cada noite vale 213 euros (+16,3% do que em julho). É o valor mais elevado do país.
Em Portugal, uma noite num quarto duplo de hotel custa hoje, em média, 128 euros. É ainda mais barato do que Barcelona (158 euros) ou Londres (168 euros), mas já supera Paris (121 euros) ou Roma (106 euros).
Carlos Leal assume que a forte procura do destino Algarve (e do preço) se fica a dever, em grande parte, à instabilidade vivida no centro da Europa, especialmente por causa do terrorismo. "Não é porque o Turismo de Portugal e/ou os hotéis tenham feito algo diferente ou melhor do que noutros anos, nem pelo apoio inexistente da TAP."
A boa notícia é que o brexit, que chegou a assustar os empresários algarvios, não se fez sentir. "Não notamos impacto nenhum", garante o gestor do Pine Cliffs. "Os turistas ingleses vinham ao Algarve antes de fazerem parte da UE e vão continuar a vir."